Quem passa pelo Ceasa de Rio Branco pode se deparar com um colorido diferente, vindo de frutas que nem sempre são conhecidas por quem vive na cidade, mas que fazem parte da rica biodiversidade amazônica e da tradição alimentar de muitos acreanos. Entre elas estão o buriti, o bacaba e o camu-camu — frutos nativos da floresta que, aos poucos, vêm conquistando espaço tanto na alimentação quanto na economia local.
O buriti, por exemplo, é uma fruta de polpa alaranjada, rica em betacaroteno e vitamina A, com sabor marcante. Muito consumido em forma de doce ou suco, ele também tem ganhado atenção por seu potencial na cosmética e produção de óleos. “A gente vende bastante para quem faz sorvete, geleia e até produtos naturais de beleza”, explica Dona Elza, que comercializa buriti vindo da região do Purus.
Já o bacaba, com seu sabor que lembra o açaí, é tradicionalmente usado em bebidas energéticas e nutritivas. “Tem cliente que vem toda semana buscar o bacaba para fazer vinho ou o mingau”, comenta Seu Pedro Paulo, agricultor familiar do Baixo Acre. A fruta é rica em antioxidantes e fibras, o que tem despertado o interesse de nutricionistas e alguns atletas.
Outro destaque é o camu-camu, considerado uma das maiores fontes naturais de vitamina C do mundo. A fruta azedinha, pouco atrativa ao paladar in natura, é muito valorizada na produção de sucos, polpas congeladas e cápsulas nutricionais. “Muita gente procura pelo camu-camu por causa da imunidade, principalmente depois da pandemia”, explica a Francisca de Fátima, uma das feirantes do Ceasa.
Embora essas frutas ainda não estejam em grande escala de produção como a banana, a laranja ou o abacaxi, elas têm conquistado nichos de mercado e ampliado as oportunidades para os produtores locais. Algumas associações e cooperativas já trabalham com a despolpa e embalagem desses frutos para facilitar o acesso dos consumidores urbanos.
A presença dessas frutas no Ceasa é uma amostra do potencial da sociobiodiversidade acreana. Elas não apenas enriquecem a alimentação, mas também representam um caminho sustentável para geração de renda, conservação da floresta e valorização dos saberes tradicionais.