A Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) manifestou preocupação com a decisão do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) de revogar a suspensão da importação de tilápia proveniente do Vietnã. A revogação foi oficializada por meio do Despacho Decisório nº 379, de 23 de abril de 2025, anulando a medida anterior de fevereiro de 2024, que havia bloqueado a entrada do produto no país por motivos sanitários.
A suspensão inicial foi motivada por alertas da própria Peixe BR sobre a presença do vírus TiLV (Tilapia Lake Virus), altamente contagioso entre os peixes, e práticas industriais no Vietnã que não seguem os padrões sanitários exigidos no Brasil. A associação também denunciou a utilização de métodos proibidos, como a adição de água aos filés para aumentar o peso, o que poderia representar concorrência desleal com o pescado nacional.
Para a entidade, a revogação da suspensão sem garantias de que esses riscos foram devidamente eliminados representa ameaça à segurança alimentar e à sustentabilidade da piscicultura brasileira. A Peixe BR afirmou que irá realizar análises laboratoriais independentes nas tilápias importadas e pediu ao Mapa fiscalização rigorosa de todas as cargas vindas do Vietnã.
Enquanto isso, o governo brasileiro celebra avanços na abertura de mercados para os pescados nacionais. Na última terça-feira (22), uma cerimônia no Mapa, em Brasília, marcou a assinatura de um protocolo entre Brasil e China que permite a exportação de pescados de origem extrativa ao país asiático. As tratativas para o acordo começaram em 2016, a partir de uma demanda da Câmara Setorial de Pescados do próprio ministério.
O protocolo autoriza a exportação de todos os tipos de pescado brasileiro que atendam aos requisitos estabelecidos pelas autoridades chinesas, e representa uma importante conquista para o setor pesqueiro, ampliando as possibilidades comerciais no mercado internacional.
Em 2024, a China importou cerca de 17,9 bilhões de dólares em pescados, consolidando-se como um dos maiores mercados consumidores do mundo. O novo acordo não apenas posiciona o Brasil como um fornecedor confiável de alimentos, mas também fortalece a parceria estratégica entre os dois países. Para o setor pesqueiro nacional, representa uma oportunidade concreta de ampliar as exportações e diversificar destinos. A cerimônia de assinatura contou com a presença de autoridades brasileiras e chinesas, como o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luís Rua, e a vice-ministra da GACC, Lyu Weihong, além de representantes responsáveis por temas sanitários e fitossanitários.