Empresário da Cachaça Jibóia reprograma investimentos após capivaras comerem canavial

70% da área de cana foram comidos pelos roedores e lançamentos de novos produtos foram adiados para 2026

Itaan Arruda
Cachaça Jibóia tem processo produtivo pensado para o mercado externo. Produto é comercializado na Bélgica, França, Holanda e Dinamarca.

Com sede na cidade de Acrelândia, a Cachaça Jibóia sofreu um ataque inesperado. O canavial que serve de matéria prima para a indústria foi atacado por capivaras. Elas comeram cerca de 70% de uma área de 12 hectares, especialmente preparada para a produção da cachaça de alto padrão feita na unidade.

“Isso nunca aconteceu antes e sugere algum tipo de desequilíbrio”, afirmou o empresário Jakson Soares, um dos sócios da indústria de produção da cachaça acreana mais conhecida fora do Acre.

Soares lembra que ano passado foi um ano de estiagem muito severa. “Sem predadores naturais, elas se deslocaram”, avalia. O canavial, mantido com adubagem orgânica e especialmente manejado para servir de base produtiva para a produção do destilado, ficou vulnerável à ação dos roedores. “O episódio ensinou que vamos ter que investir mais. Ao invés de investir na atividade fim, vamos ter que aplicar recursos na estrutura em função desse problema. Talvez fortalecendo o cercamento com rede elétrica. Vamos avaliar”.

A Cachaça Jibóia chegou a um refino no processo produtivo que tem chamado atenção de mestres no assunto. Há 12 anos, a sociedade de três empresários iniciou a produção de cachaça em embalagens plásticas, a famosa “buchudinha”. Foi um período necessário para aprimorar o processo produtivo. Há cinco anos, a Cachaça Jibóia está sendo oferecida a consumidores na Holanda, Bélgica, Dinamarca e França. 

“Nós apresentamos a Jibóia na ‘Le Cordon Bleu’, uma escola de gastronomia e hospitalidade e a aceitação foi impressionante”, orgulha-se Soares.

Sabores_ O empresário lamenta o episódio de desequilíbrio ambiental. Por conta desta situação, vai ter que adiar o lançamento previsto de cachaças saborizadas. Jambu, café, limão com mel, cupuaçu, açaí são os sabores previstos. “E tudo produtos do Acre, feitos aqui”, diferencia.

Atualmente, a Cachaça Jibóia tem todas as certificações e registros exigidos e presentes nas destilarias mais refinadas do país. “Tudo o que prevê o Instituto Brasileiro da Cachaça nós seguimos”, afirmou. A Cachaça é uma das cinco do Norte presentes no Anuário da Cachaça, a maior referência da comercialização do destilado e utilizado como base no Ranking da Cúpula da Cachaça. “Ainda não mandamos para a Cúpula da Cachaça. É como um filho que ainda não achamos que está preparado”, pondera.

É um cuidado que pessoas tarimbadas na produção e comercialização do destilado demonstram que os empresários da Cachaça Jibóia não precisam ter. “Natanael Bonicontro, da Jandaia do Sul, veio aqui conhecer o que estamos fazendo e ficou surpreso com a qualidade do que conseguimos oferecer aqui na Amazônia”, afirmou.

Sem oferecer detalhes dos números, Soares assegura que os custos operacionais são altos, comparados a outras regiões do país. Mas estar no Acre tem uma dose de diferencial. “Outro dia, na Holanda, quando eu apresentei o produto e disse que era ‘feito na Amazônia’, os olhos do empresário mudaram de brilho”, conta.

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