Café Náuas: do isolamento no Juruá à tecnologia de ponta e reconhecimento nacional

Fundada há mais de 50 anos no Vale do Juruá, empresa supera desafios logísticos, aposta em tecnologia de ponta e se prepara para expandir no Acre e na Amazônia.

Luiz Eduardo Souza
Indústria do Café Náuas, em Cruzeiro do Sul, conta com equipamentos 100% automatizados, garantindo qualidade e padronização nos processos. Foto: Reprodução

Fundado em 29 de setembro de 1969, o Café Náuas nasceu com uma missão clara: atender a região do Vale do Juruá, no Acre, então isolada e carente de infraestrutura logística. Foi a primeira indústria de torrefação de café da região e precisou enfrentar grandes desafios para garantir o abastecimento e a distribuição do produto. Na época, o transporte do café dependia de balsas, que faziam apenas uma viagem por ano, já que Cruzeiro do Sul não tinha acesso por estrada.

Mais de cinco décadas depois, a realidade é completamente diferente. A indústria superou os obstáculos logísticos e hoje se orgulha de ter uma produção significativa em nível nacional, atendendo o mercado interno com cafés de diferentes perfis. “É uma alegria dizer que esse desafio foi vencido. Hoje, os produtores do Acre vivem um bom momento e são reconhecidos pela indústria”, afirma Patrícia Parente, ao relatar os desafios enfrentados pelos avô.

Indústria automatizada e cafés personalizados

O Café Náuas conta atualmente com uma estrutura 100% automatizada, que garante a qualidade e a eficiência de toda a linha de produção. Desde a torra até o empacotamento, tudo é feito por máquinas modernas. “Temos um processo totalmente automático, tanto nas embalagens a vácuo quanto nos sachês. Além disso, contamos com um torrador específico para microlotes, voltado para cafeterias e clientes exigentes que buscam uma experiência personalizada”, explica Patrícia.

A empresa trabalha com perfis de torra sob medida — seja clara, média ou intensa — respeitando o paladar de cada consumidor. Essa personalização é possível graças ao uso do sistema Cropster, uma tecnologia de alta precisão que permite controlar cada etapa da torra e entregar cafés com notas frutadas, cítricas ou com finalizações específicas na xícara.

“O Café Náuas tem um produto para cada tipo de cliente. Atendemos desde quem busca o café tradicional até o consumidor que prefere cafés gourmet ou especiais, com grãos selecionados. Temos opções para todos os paladares”, destaca Patrícia.

Expansão no Acre e na Amazônia

Com presença em oito municípios acreanos, a meta da empresa é ousada: atender todas as cidades do estado nos próximos dois anos e ampliar sua atuação no Amazonas. Já presente em cidades como Ipixuna e Guajará, o Café Náuas busca crescer com uma proposta que valoriza o terroir amazônico e a identidade do café robusta produzido na região.

“Queremos levar o sabor do Acre e dos cafés amazônicos para todo o Brasil. Além da qualidade, existe uma carga histórica e afetiva nesses grãos. Nossa missão é mostrar essa experiência única ao consumidor”, conclui.

Protagonismo feminino atravessa gerações no Café Náuas

Além de ser pioneira na torrefação de café no Vale do Juruá, a história do Café Náuas também é marcada pelo protagonismo feminino. Desde a fundação da empresa, mulheres têm ocupado papel central na gestão e no crescimento da indústria. A matriarca da família, ainda viva, teve participação ativa na condução do negócio ao lado do marido. Com o passar dos anos, sua filha e, agora, a neta dão continuidade à tradição com um olhar humano e atento aos detalhes — características marcantes de uma liderança feminina sensível e comprometida.

Essa gestão multigeracional tem sido uma das chaves para o sucesso e a longevidade da marca. Mais do que produzir café, a empresa construiu uma cultura de valorização das pessoas, com foco na experiência do consumidor e no cuidado com os colaboradores. O olhar feminino tem sido essencial para imprimir à empresa uma identidade única, que une tradição, inovação e afeto.

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