Aldeia no Baixo Rio Envira sofre com perdas de moradias e na produção

Comunidade indígena pede apoio emergencial dos governos municipal, estadual e federal diante dos impactos recorrentes de eventos climáticos extremos

Luiz Eduardo Souza
Povos indígenas sofre com período de cheia do Rio Envira. Foto: Reprodução

A situação da cheia do Rio Envira, no estado do Acre, tem provocado grandes prejuízos à população indígena que vive nas margens do rio. Todos os anos, com a chegada da temporada de produção agrícola, as chuvas intensas e a subida do rio afetam diretamente a vida na aldeia.

Em um vídeo gravado diretamente da aldeia Shiná Baná, o líder indígena Ronildo Fernandes mostra a dura realidade enfrentada pelos moradores com a chegada da cheia do Rio Envira. As imagens registram casas alagadas, plantações submersas e animais perdidos, ilustrando a dimensão dos danos provocados pelas águas. Ronildo reforça o apelo por apoio emergencial e denuncia a vulnerabilidade da comunidade diante dos eventos climáticos extremos, que se repetem ano após ano sem que soluções efetivas sejam implementadas.

A perda das lavouras é recorrente. Culturas como banana, macaxeira, mamão, milho, taioba, inhame e outras plantas são destruídas pelas águas. Além das plantações, os moradores também perdem seus animais de criação, que muitas vezes morrem afogados ou ficam sem abrigo adequado.

As casas, em sua maioria de madeira, também não resistem. Assoalhos quebram, paredes são destruídas e muitas moradias acabam desabando ou precisando ser escoradas com urgência. Ainda que a prefeitura tenha oferecido algum apoio, esse auxílio tem sido insuficiente para suprir as reais necessidades da comunidade.

Segundo relatos dos moradores, o problema não termina com o recuo das águas. Nos meses seguintes à cheia — especialmente entre três e quatro meses depois —, muitas das frutas e raízes começam a apodrecer, agravando ainda mais a situação. Isso obriga os agricultores a buscar novas sementes e recomeçar o cultivo praticamente do zero.

A comunidade pede ajuda dos governos municipal, estadual e federal com itens básicos como alimentação, combustível, materiais para reconstrução de moradias e suporte para os animais. A situação é agravada pelo fato de que, além das cheias, a seca também castiga a região. Durante esse período, o acesso ao rio se torna difícil, os legumes sofrem com a estiagem e o abastecimento de água e alimentos se torna escasso.

“A nossa aldeia passa por uma verdadeira calamidade, tanto na cheia quanto na seca. Perdemos muito nos dois períodos. Precisamos de ajuda para sobreviver e manter a produção que sustenta a nossa vida aqui”, resume um dos moradores.

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