O ac24agro ouviu alguns economistas da Ufac para tentar entender quais segmentos da economia regional seriam diretamente afetados pela Guerra Comercial, Guerra Tarifária ou o “Tarifaço do Trump”. Em uma disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo, as consequências, direta ou indiretamente, serão sentidas. No entanto, é perceptível que os acadêmicos não sentem um efeito tão imediato e tão grave quanto se imagina.
“Carne bovina não vai dar em nada porque o Acre não pode exportar. Talvez, exporte para Rondônia, Mato Grosso e façam triangulação e, a partir disso, coloquem no mercado internacional, mas ainda é muito precoce para falar”, avaliou o economista e professor da Universidade Federal do Acre Rubicleis Gomes da Silva. “Os Estados Unidos não são importadores de produtos acreanos. Nesse momento, eu acho muito precoce a gente ter um diagnóstico. Lembrando que os Estados Unidos são quase irrelevantes para a gente aqui. O nosso maior parceiro comercial é o Peru”.
“O que aparece nas estatísticas que o Acre exporta para os Estados Unidos é a madeira. É quase que a totalidade. Os Estados Unidos são compradores da madeira do Acre e que ano a ano vem caindo. Nos últimos três anos, o volume de exportação da madeira do Acre vem caindo. A princípio, nós teríamos impacto direto nesse produto, embora existam outros mercados em que a madeira poderia ser exportada”. É a leitura do economista e professor aposentado da Ufac. Orlando Sabino.
Carne bovina
O professor Sabino entende que a carne bovina pode ser um produto cuja cadeia produtiva pode ser beneficiada na guerra comercial entre Estados Unidos e China. Ele lembra a recente missão do presidente Lula no Japão e no Vietnã. “A carne bovina pode se beneficiar muito disso porque recentemente o presidente Lula esteve no Japão e no Vietnã, dois grandes mercados desse produto e que são importadores da carne americana, especialmente o Japão”. O professor entende que o Acre, como está em uma área livre de aftosa sem vacinação, tem um diferencial de mercado.
Soja
O maior importador da soja dos Estados Unidos é a China. “A soja brasileira pode ser destinada para a China. Nós já exportamos. Esse ano, a produção já foi colhida. Aparece na lista de produtos exportados no mês de março, mas é limitado. Pode se beneficiar. Ninguém sabe até quando vai essa guerra”, pondera o professor.
O presidente da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, oferece uma referência sobre o fator “tempo”. Em entrevista ao Jornal da CBN na manhã de ontem, afirmou. “Essa crise está só começando”. Viana é um defensor do diálogo como uma ferramenta para se contrapor à guerra de tarifas. Como presidente da Apex precisa cuidar do melhor cliente. “As consequências [dessa guerra] vão ser no dia a dia”