CAF 3.0 tem trazido preocupação aos produtores de base familiar de Capixaba

Na hora de fazer a renovação, entendem que vão perder benefícios. Representante do MDA no Acre assegura que não haverá perdas

Itaan Arruda

As mudanças efetivadas pelo Governo Federal no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar têm trazido preocupação a dezenas de produtores de Capixaba. Com o objetivo de “modernizar” o sistema do cadastro, as mudanças acabaram provocando apreensão entre os agricultores.

Nilva da Cunha Lima, agricultora e presidente da Cooperativa Agroextrativista Santa Fé (Coafe), em Capixaba, tem cinco filhos. Cada um deles, também agricultores, produz uma cultura. Desanimada, ela conta que, ao fazer a renovação do cadastro, viu a possibilidade de perder dinheiro.

“Quando eu vou fazer meu CAF, eu coloco todos os meus filhos. Faço a inclusão dos CPF’s deles no meu CAF. Agora, mudou. Não posso mais incluir meus filhos no meu CAF. Porque só pode quem tem o cartão de assentamento. Pra eu conseguir, eu tenho que ir ao Incra, é um protocolo danado, vai passar o ano todinho e eu não vou conseguir”, lamentou. “Eu falei para o rapaz da Seagri: ‘Meu amigo, pelo amor de Deus, isso é querer acabar com o produtor, homi. Agora, esses meus filhos vão ficar sem entregar?’. Ele disse que eu teria que ir ao Incra”, relatou.

O representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário no Acre, Cesário Braga, rechaçou qualquer possibilidade de perda de benefícios.

“Não houve alteração na legislação que regulamenta o CAF”, defendeu Braga. “Na verdade, é uma atualização do sistema. Estamos modernizando o CAF”.

O representante do MDA no Acre argumentou que foi feito um cruzamento de dados do Incra para que todos os assentados tenham os seus próprios cadastros. “Não é demais relatar que o CAF engloba toda a família. E o CAF se refere à unidade produtiva. Nunca foi possível haver mais de um CAF na mesma unidade”, explicou o representante do MDA.

Cesário Braga explicou ainda que se há apenas uma propriedade, mesmo que haja várias famílias morando dentro, haverá apenas um CAF, do marido e esposa, titulares da propriedade. No caso de assentados, os que estão cadastrados no Incra”.

Como o Incra não permite o parcelamento das propriedades, não pode haver fragmentação do CAF daquela propriedade em vários CAF’s, mesmo havendo produções separadas.

MDA aponta quais inovações estão previstas pelo CAF 3.0

– Aumento do prazo de validade do CAF na região Norte para 5 anos, enquanto as demais regiões do Brasil mantêm o prazo de 3 anos;

– Inclusão da produção agroecológica no cadastro;

– Identificação de todos os 28 Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs);

– Fim da etapa de triagem e do documento CAF-Pronaf, reduzindo etapas e burocracia no cadastramento; e

– Integração com bases de dados como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), permitindo a validação automática de informações.

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Itaan Arruda. Jornalista. Foi correspondente no Acre dos jornais Gazeta Mercantil Amazonas e O Estado de S. Paulo e repórter do jornal A Tribuna. Atuou na Secretaria de Estado de Comunicação nas gestões de Jorge Viana e Binho Marques. Foi repórter do jornal A Gazeta, editor do site agazeta.net e apresentador da TV Gazeta, afiliada à Record TV no Acre. Produziu e apresentou o programa de rádio "Voz do Povo", na Rádio Cidade. Atuou também como redator do site ac24horas. Hoje, é repórter do site ac24agro.
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