Agendas presidenciais na Ásia exigem cuidado com o sensível radar americano

Em 2024, Brasil comercializou 229 mil toneladas com EUA e garantiu aumento no faturamento de 59%, comparado a 2023

Itaan Arruda
Pecuária brasileira tem aceitação no mercado norteamericano, mas diplomacia precisa ficar atenta nas agendas asiáticas em abril e maio. Foto: Agência Brasil

A viagem que o presidente Lula fará para o Japão e Vietnã tem o comércio de carne bovina como um dos pontos da agenda. A estratégia é fortalecer ainda mais a presença da proteína brasileira no mercado asiático. Em maio, por exemplo, a comitiva presidencial estará na China. Novamente, a carne deve estar em pauta. Não há crise com esses parceiros. No máximo, algum ponto de ajuste.

Esses três compromissos internacionais expõem uma agenda paralela a um outro grande cliente brasileiro: os Estados Unidos. O que os dirigentes e técnicos de federações e associações ligadas ao comércio internacional da carne bovina avaliam é que as medidas protecionistas do governo do presidente Donald Trump vão preservar a carne brasileira.

Números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços expõem o porquê da decisão do governo norte americano em relação à carne brasileira. Em 2024, foram importadas pelos E.U.A 229 mil toneladas de carne bovina do Brasil. Foi um aumento de 65,14% comparado ao ano de 2023.

E esses números exigem da diplomacia brasileira um cuidado extra no tom das falas nas agendas pela Ásia. Afinal de contas, não seria inteligente cativar clientes em um canto do mundo e melindrar outro, que está atento, com radar sensível às declarações sobre comércio de commodities.

Resumindo: tudo bem que a China é o maior parceiro comercial do Brasil, mas o país não está podendo abrir mão do mercado norte americano que garantiu um faturamento da ordem de US$ 1,35 bilhão em 2024. Comparado a 2023, é uma alta de 59%.

Quem pode estar de ouvidos atentos para qualquer deslize diplomático brasileiro nesses compromissos pela Ásia são Argentina e Austrália, dois grandes atores no comércio internacional de carne bovina.

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Itaan Arruda. Jornalista. Foi correspondente no Acre dos jornais Gazeta Mercantil Amazonas e O Estado de S. Paulo e repórter do jornal A Tribuna. Atuou na Secretaria de Estado de Comunicação nas gestões de Jorge Viana e Binho Marques. Foi repórter do jornal A Gazeta, editor do site agazeta.net e apresentador da TV Gazeta, afiliada à Record TV no Acre. Produziu e apresentou o programa de rádio "Voz do Povo", na Rádio Cidade. Atuou também como redator do site ac24horas. Hoje, é repórter do site ac24agro.
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