A viagem que o presidente Lula fará para o Japão e Vietnã tem o comércio de carne bovina como um dos pontos da agenda. A estratégia é fortalecer ainda mais a presença da proteína brasileira no mercado asiático. Em maio, por exemplo, a comitiva presidencial estará na China. Novamente, a carne deve estar em pauta. Não há crise com esses parceiros. No máximo, algum ponto de ajuste.
Esses três compromissos internacionais expõem uma agenda paralela a um outro grande cliente brasileiro: os Estados Unidos. O que os dirigentes e técnicos de federações e associações ligadas ao comércio internacional da carne bovina avaliam é que as medidas protecionistas do governo do presidente Donald Trump vão preservar a carne brasileira.
Números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços expõem o porquê da decisão do governo norte americano em relação à carne brasileira. Em 2024, foram importadas pelos E.U.A 229 mil toneladas de carne bovina do Brasil. Foi um aumento de 65,14% comparado ao ano de 2023.
E esses números exigem da diplomacia brasileira um cuidado extra no tom das falas nas agendas pela Ásia. Afinal de contas, não seria inteligente cativar clientes em um canto do mundo e melindrar outro, que está atento, com radar sensível às declarações sobre comércio de commodities.
Resumindo: tudo bem que a China é o maior parceiro comercial do Brasil, mas o país não está podendo abrir mão do mercado norte americano que garantiu um faturamento da ordem de US$ 1,35 bilhão em 2024. Comparado a 2023, é uma alta de 59%.
Quem pode estar de ouvidos atentos para qualquer deslize diplomático brasileiro nesses compromissos pela Ásia são Argentina e Austrália, dois grandes atores no comércio internacional de carne bovina.