Canudos de bambu podem ser alternativa viável para pequenas indústrias

Com 4,5 milhões de hectares de bambu, Acre negligencia potencial econômico e perde oportunidade de inovar

Itaan Arruda
Procedimentos com materiais simples geram canudos com impactos ambiental mínimo comparado ao plástico. E pode ser pré-elaborado ainda dentro da floresta

Uma das identidades acreanas presentes na COP 30, em Belém, será o bambu. E uma das digitais de maior relevo é a do empresário e pesquisador Emanuel Amaral. Ele é um pequeno industriário que percebe como governos e comunidades negligenciam o potencial econômico do bambu no Acre. E tem um exemplo simples: o canudo de bambu.

“O Acre tem um tesouro verde e que, muito em breve, será descoberto”, desejou o empresário. Ele investiu em máquinas simples, embalagens, processos eficientes para produzir com a marca do cliente gravada nos canudos de bambu nativos. Ele já tem clientes em São Paulo e Rio de Janeiro. “O empresário do Acre tem condições de ser um dos destaques mundiais na venda desse produto”.

Para Emanuel Amaral, “a troca de canudos de plástico por canudos de bambu é um passo simples em direção a um futuro mais sustentável, do ponto de vista ambiental. Não só ajudam a reduzir a quantidade de resíduos plásticos, mas trazem estética e elegância natural para o dia a dia, gera empresa na zona rural e valoriza a nossa Floresta Amazõnica”, sugeriu.

As espécies mais utilizadas na fabricação dos canudos são a taboca, a taboquinha e o bambu bravo. São boas espécies para a fabricação em escala dos canudos.

A especialista em comércio internacional Ângela Hirata assegura que é possível manejar a planta já dentro da floresta, no local da coleta. “Os moradores no entorno das florestas de bambu podem pré-fabricar os canudos de forma regular, saírem tratados de dentro da floresta, já com valor agregado, dentro de uma marca com selo de sustentabilidade do Estado do Acre.

O Estado do Acre tem mais de 4,5 milhões de hectares de florestas com bambu (sub-bosques). “É um potencial econômico espetacular e que nós não nos damos conta”, afirma outro pesquisador e integrante da Academia Brasileira de Ciências, Eufran Amaral. Ele lembra que o Acre já tem uma Política Estadual do Bambu. Essa lei é de 2015, mas ainda não foi regulamentada. Na época da formulação dessa lei, o Sebrae elaborou um programa específico para qualificar a cadeia produtiva do bambu. Mas a coisa não andou.

“É preciso, primeiro, despertar nas pessoas, nos proprietários de terra, nos posseiros, nos agricultores essa percepção de que falar de bambu, falar de taboca é, também, falar de dinheiro”, afirma Eufran Amaral. “Mas é, também, falar de Construção Civil, movelaria, artesanato e tudo isso gera receita, gera dinheiro”. Amaral afirma que o comércio do bambu gera um comércio de US$ 500 milhões por ano.

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Itaan Arruda. Jornalista. Foi correspondente no Acre dos jornais Gazeta Mercantil Amazonas e O Estado de S. Paulo e repórter do jornal A Tribuna. Atuou na Secretaria de Estado de Comunicação nas gestões de Jorge Viana e Binho Marques. Foi repórter do jornal A Gazeta, editor do site agazeta.net e apresentador da TV Gazeta, afiliada à Record TV no Acre. Produziu e apresentou o programa de rádio "Voz do Povo", na Rádio Cidade. Atuou também como redator do site ac24horas. Hoje, é repórter do site ac24agro.
2 Comentários
  • Maravilha!!
    É um manejo sustentável e que vai trazer muitos benefícios á natureza e ao bolso dos empresários que tiveram essa ideia fantástica!!!
    PARABÉNS E SUCESSO!!!

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