O mercado da castanha-do-brasil no Acre e na Região Norte atravessa um momento de forte instabilidade. A safra 2024/2025 foi profundamente afetada por mudanças climáticas extremas, especialmente o El Niño, e registrou uma quebra estimada em 70% da produção, segundo cooperativas locais e dados levantados por pesquisadores da Embrapa e do setor extrativista.
Essa escassez tem pressionado os preços para cima. No interior do Acre, o valor da lata de castanha, que girava em torno de R$ 50 no início do ano, chegou a ser comercializado por até R$ 220 nos meses de pico da colheita, como março e abril. Apesar disso, a média atual de preço da castanha in natura no estado gira em torno de R$ 4,50 o quilo, valor pago ao extrativista.
Enquanto isso, no mercado nacional, principalmente nos grandes centros consumidores como São Paulo, o mesmo quilo da castanha pode ser vendido por até R$ 100, revelando uma diferença brutal entre o que é pago na origem e o que é cobrado no varejo. Em alguns casos, essa diferença ultrapassa 2.000%, escancarando uma cadeia produtiva desigual e pouco justa com quem vive da floresta.