Extrativismo sustentável gera renda e refloresta em Rodrigues Alves

Produtores rurais de Rodrigues Alves unem tradição e tecnologia para viver da floresta sem destruí-la, com foco em murumuru e seringa.

ac24horas

Uma iniciativa da agricultura familiar no município de Rodrigues Alves, interior do Acre, vem mostrando que é possível viver da floresta sem destruí-la. Os produtores da região extraem óleo de murmuru e retomam o corte da seringa, práticas que geram renda e incentivam o reflorestamento.

O videomaker do ac24horas, Kennedy Santos, acompanhou de perto essa história que une tradição, tecnologia e consciência ambiental. Desde 2012, a Coopercintra (Cooperativa dos Produtores de Agricultura Familiar e Economia Solidária de Nova Cintra) atua com foco na sustentabilidade. A estrutura da fábrica, que começou com outro propósito, hoje serve à produção de manteiga de murumuru, insumo valorizado no mercado de cosméticos.

As máquinas funcionam a todo vapor e o som do processamento ecoa pela floresta. A coleta do murumuru acontece, na maioria das vezes, em áreas fechadas da mata, onde o fruto é abundante. O trabalho é dividido e cada colaborador tem sua função.

A agricultora Aldilene, mãe de quatro filhos, relata a transformação que viveu com a atividade. “Eu nunca pensava que ia valer tanta renda, valer a pena trabalhar com murmuru”, relatou.

“Esse daqui já caiu a carne, ele já está limpo. Só que daqui a gente põe ele dentro do secador industrial para ele tirar essa pelezinha aqui que ele tem e aí ele fica belezinho”, afirmou Osmarino Souza.

Após a secagem e separação das amêndoas, o produto passa para a etapa industrial. Michel Silva, operador das máquinas, é responsável por boa parte do processo.

“Aqui já é o óleo do murmuru. O óleo do murmuru que eu estou decantando ele para pôr nas caixas para descansar. A primeira etapa é quando passa pelas prensas, que ele vai com todo bagaço, todo sujo. Aí ele descansa três dias nas caixas, as caixas d’água”, explicou.

“São duas prensas, elas são idênticas, fazem o mesmo processo, faz o processamento de tirar o óleo, onde a gente põe as amêndoas e dali sai o óleo, sai a boa, sai a torta, todo o produto sai ali”, acrescentou Osmarino Souza.

Além da produção, a cooperativa se preocupa em retribuir à natureza o que dela retira. Um viveiro com mais de seis mil mudas de espécies nativas como açaí, cacau, café e andiroba já está em cultivo.

“Com esse cuidado nós já estamos nos preparando com o nosso viveiro aqui para a gente poder ir reflorestando as nossas áreas, ir plantando esses produtos que a gente trabalha para que não venha no futuro a gente ter uma perca lá na floresta e depois a gente não tenha que sobreviver à cooperativa”, ressalta o chefe Osmarino Souza.

O retorno do corte da seringa trouxe esperança para muitas famílias. A prática, que estava em desuso, foi incentivada novamente após a valorização da borracha. Kennedy conversou com o Pedro Rodrigues, um dos 25 extrativistas que voltaram à atividade, que falou com emoção sobre a atividade. “Rapaz, é só relembrar o passado. Só de primeiro tinha a exigência de patrão. E hoje em dia não tem mais. Dá para tirar uma boa renda das estradas que você tem aqui. Rapaz, essa daqui tem 80 seringas”, afirmou.

O transporte da produção é feito por meio de balsas, principal meio de locomoção na região. Uma estrutura montada pela cooperativa garante o escoamento dos produtos, mesmo em tempos de cheia ou seca.

“A Coopercintra trabalha com a sustentabilidade, preservação da floresta, tem a parceria do governo do estado, de algumas ONGs também, e tem a parceria também com o município, onde hoje ela é uma das fornecedoras aqui na nossa região do Vale do Juruá para a maior rede de cosméticos que é a Natura”, Salatiel Pinheiro, prefeito de Rodrigues Alves (PSD).

A reportagem faz parte do projeto “Eu e minha cidade no ac24horas”, uma série audiovisual produzida por Kennedy Santos com apoio do Auto Posto Arena, Nissan Ben Rio Branco e Purus Net Ultra Fibra.

Assista ao vídeo:

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