Os economistas da Universidade Federal do Acre (Ufac) fazem uma separação bem delimitada entre o que é a “conjuntura econômica” criada pela guerra comercial entre as maiores economias do mundo daquilo que é “estrutural”.
Tanto os professores Rubicleis Gomes da Silva quanto Orlando Sabino já fizeram essa distinção aqui no ac24agro. Outro colega de academia da dupla, Raimundo Cláudio, pesquisador sobre Desenvolvimento Regional, reforça o entendimento.
“Numa resposta direta, no “tarifaço de Trump”, que para o Brasil foi de 10% sobre todas as importações efetuada pelos EUA, os impactos para o Acre não serão significativos, pois, em 2024, apenas 5% dos valores embolsados pelas exportações acreanas vieram do mercado norte-americano, concentrando-se em produtos da madeira e castanha, que podem ser redirecionados sem maiores problemas para outros mercados”, analisa Cláudio.
Essa é uma clara leitura de “conjuntura”. É uma análise observando os aspectos imediatos, diante das relações econômicas que o Acre mantém. Como as cadeias produtivas do Acre é fundamentada na produção de commodities, com escala de produção muito reduzida e o conjunto de países com os quais comercializa muito limitado, o efeito imediato tende a ser reduzido.
“O principal comprador dos produtos acreanos é o Peru com cerca de 28,5% do valor exportado, em 2024. Ressaltando que os produtos tipo exportação do Acre foram vendidos para mais de 50 países, sendo que apenas sete deles foram responsáveis por aproximadamente 74% do valor exportado”.
É evidente que todos os professores sabem que no debate estrutural, uma guerra comercial dessa magnitude tem efeitos para todo o mundo sem distinção. “Pensando num rearranjo do comércio internacional, os efeitos do tarifaço no comércio mundial podem durar alguns anos, levando o mundo todo a um quadro de recessão”.