A retomada necessária

Como os pré-candidatos ao Governo do Acre pensam a valorização do setor produtivo? O que defendem é, realmente, impactante para o produtor agrícola e extrativista?

Redação

No último editorial do ano, o ac24agro faz um apelo ao leitor. Repare, leitor. Ao longo do ano que se inicia, vamos observar quais são as ideias, de fato, inovadoras defendidas pelos candidatos ao Governo do Acre para o setor agropecuário e extrativista. É uma escolha importante. Ela dá o tom das coisas por aqui.

O produtor agrícola vê com estranheza o slogan do atual governo estadual. “Trabalho para cuidar das pessoas” é algo questionável sob vários aspectos. O produtor agrícola, faz tempo, já entendeu que o verbo “trabalhar” exige transição que só depende dele mesmo, produtor. Seja de esquerda; de direita ou de centro; com este ou aquele slogan, quem lida com o que planta ou com o que extrai é o produtor.

A diferença está na capacidade de interferir mais ou menos, com melhor ou menor capacidade e qualidade. Essa é a diferença. O produtor agrícola, o pecuarista ou o extrativista não precisa de “cuidado”. O substantivo “cuidado” guarda relação com um objeto da esfera privada. Cuida-se daquilo que é seu, particular, privado. Política pública exige outra postura. Até nisso, a atual geração de administradores públicos do Acre se contaminou.

Partindo para o debate prático, tem-se como prováveis candidatos ao Governo do Acre as seguintes personagens: Maílza Assis (Progressistas); Thor Dantas (PSB), Alan Rick (Republicanos) e Tião Bocalom (PL). Como produtor rural, como extrativista, como pecuarista, o que é necessário perguntar para diferenciar um candidato do outro? Quais são as perguntas necessárias?

Inicia-se 2026 já tendo uma definição clara do que Thor Dantas pensa sobre a relação da Agropecuária e o Meio Ambiente? É possível pontuar como Alan Rick entende a diferença entre “desenvolvimento” e “crescimento econômico”? Ou ele acha que tudo é uma coisa só? Ou pior: ele acha que esse debate não tem a ver com questões práticas?

De uma coisa, é possível deduzir: dos quatro nomes, dois já tem alguma coisa a mostrar: embora Maílza Assis não seja a titular da cadeira, mas ela ajuda a assinar a “política agrícola” ensaiada há sete anos no Acre. E Bocalom é o que tem a mais larga experiência no Executivo: dois mandatos como prefeito da eterna Acrelândia e no segundo mandato à frente da Prefeitura de Rio Branco.

Portanto, Maílza Assis e Tião Bocalom, em relação a Agricultura, Pecuária e Extrativismo, em certa medida, o que eles têm a apresentar já está sendo executado. É o que está aí. Seja no âmbito estadual, seja no Municipal. A essência é o que já está em execução.

O desafio do eleitor/produtor é ir desvendando ao longo do ano, nas entrevistas, nas publicações em redes sociais, nos gestos, como o futuro governante do Acre pretende fortalecer o que se convencionou chamar de uns tempos para cá de “setor produtivo”.

Atualmente, a agenda pública voltada para o setor produtivo do Acre é bastante limitada. Restringe-se a alguns pontos principais: regularização fundiária, embargos ambientais, rastreabilidade do gado, acesso a crédito (o papel dos bancos de fomento), obras de infraestrutura (com destaque para pontes e melhoramento de ramais), defesa do patrimônio histórico (com destaque para os geoglifos), estímulo às cadeias que estão em processo de estruturação, como café, cacau e açaí. Além disso, o Governo do Estado pode influenciar na retomada do debate sobre produção dentro das reservas extrativistas. Em síntese, os gargalos do “setor produtivo” no Acre são estes.

Para quem se importa com a economia local e com o fortalecimento da produção agropecuária e extrativista, o debate, em boa medida, está atrelado a um desses temas. Tudo o mais passa a ser periférico: se a roupa é azul ou rosinha; se é católico, protestante ou umbandista; se “toma uma” ou não. É hora de o acreano passar a priorizar o debate de fundamento para quem produz por aqui. Nos últimos oito anos, desistimos de fazer essa discussão. É preciso retomar.

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