Cooperacre já recebe contatos de empresas norte-americanas interessadas em castanha

Expectativa de “safra média” aquece os bastidores do comércio da amêndoa, prejudicado pela “safra baixa” de 2025 e pelo tarifaço dos Estados Unidos

Itaan Arruda
Acre concentra 78% das exportações aos EUA em castanha-do-Brasil, produto sensível a oscilações globais.

A direção da Cooperacre já começou a receber contatos de empresas norte-americanas com pedido de propostas para venda de castanha, um dos produtos que teve a sobretaxa de 40% retirada por decreto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. É o que adianta o superintendente da cooperativa, Manoel Monteiro, sem dar detalhamentos sobre quais empresas e qual volume do pedido. “Algumas empresas já entraram em contato; já pediram proposta”, afirmou Monteiro.

Os Estados Unidos são um mercado estratégico para a Cooperacre. Para se ter uma referência, em 2024, considerada uma “safra média” (com mais de 400 mil latas), 45% do comércio de castanha da cooperativa foram exportados. Do total comercializado para o mercado externo, os Estados Unidos compraram 70%.

Em 2025, o cenário estava muito adverso para o comércio da castanha do Brasil em todas as regiões coletoras. No Acre, não foi diferente. A falta de chuvas impactou a safra, classificada como “muito baixa”. “A menor que eu já vi”, relata Monteiro. Uma safra é considerada “média” quando ultrapassa 400 mil latas. Em 2025, aqui no Acre, a maior cooperativa do estado comercializou 180 mil latas.

O ano de 2025 foi ruim para todos os estados em que há extração de castanha do Brasil. Todos foram impactados pela baixa quantidade de chuvas.

O extrativista sentiu esse cenário adverso durante o ano: além de ter uma safra baixa, comprometendo comercialização, teve o tarifaço dos Estados Unidos com sobretaxa de 40%. “Nós estávamos preocupados com as questões tributárias, com a questão da Bolívia e do Peru [saída de castanha], com as questões rotineiras do comércio da castanha e, de repente, vem o tarifaço”, lembra o superintendente da Cooperacre. “E essa semana vem a informação maravilhosa, depois de muita negociação do governo brasileiro, do presidente Lula, da Apex, com o Jorge Viana, da queda do tarifaço. Estamos otimistas. Estamos animados. Mas, ao mesmo tempo, gera um certo receio, uma instabilidade de que o cenário possa ficar ruim novamente”.

As castanheiras estão com boa florada. Na prática, o extrativista calcula o início da safra entre o Natal e o reveillon. Como as chuvas passaram a ter boa regularidade, a expectativa de que a safra 2026/2027 seja boa.

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