O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, elevou o tom em Belém nesta quinta-feira (20), durante a COP30, ao pedir que os países negociadores flexibilizem suas posições para permitir um acordo global capaz de acelerar a redução do uso de combustíveis fósseis. O apelo ocorre em meio ao impasse entre nações com economias altamente dependentes de petróleo, gás e carvão e aquelas que defendem metas mais rígidas para o setor.
Guterres afirmou que a comunidade internacional não pode continuar permitindo que interesses econômicos atrasem a transição energética. Para ele, há “distorções de mercado” que favorecem combustíveis fósseis e dificultam o avanço de fontes renováveis, além de campanhas de desinformação que buscam desacreditar políticas climáticas.
“Devemos acabar com as distorções de mercado que favorecem os combustíveis fósseis. Precisamos enfrentar a desinformação que tenta derrubar a transição”, declarou. O secretário-geral enfatizou que a inação tem custo alto: cada ano de atraso reduz as chances de manter o aquecimento global dentro dos limites estabelecidos pelo Acordo de Paris.
Apesar do discurso firme, Guterres também reconheceu a complexidade econômica que envolve a transição energética. Segundo ele, países em desenvolvimento enfrentam desafios específicos, como falta de financiamento, infraestrutura limitada e alto custo para substituir matrizes dependentes de combustíveis fósseis. “A transição precisa ser justa e levar em conta a realidade econômica de cada nação”, reforçou.
O posicionamento ocorre no momento em que negociadores tentam chegar a um consenso sobre o texto final da COP30, especialmente sobre a meta global de redução gradual — ou eliminação — do uso de combustíveis fósseis. A proposta enfrenta resistência de países exportadores de petróleo e gás, que argumentam que mudanças abruptas podem comprometer sua estabilidade econômica.
Enquanto isso, ambientalistas pressionam por um acordo mais ambicioso, destacando que 2025 deve encerrar a década mais quente já registrada e que eventos extremos vêm afetando milhões de pessoas, especialmente nos países mais vulneráveis. O Brasil, anfitrião da conferência, tem buscado equilibrar interesses globais e nacionais, defendendo maior financiamento climático e cooperação internacional.
Com o recado de Guterres, cresce a expectativa de que a fase final das negociações em Belém produza um sinal político claro sobre o futuro dos combustíveis fósseis — considerado por especialistas o principal nó para destravar uma trajetória mais segura para o clima.
Fonte: Portal Uol.
