Alemanha anuncia aporte de € 1 bilhão ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre após polêmica na COP 30

Reação à fala do chanceler Friedrich Merz movimenta cenário diplomático; fundo já soma quase US$ 7 bilhões

Luiz Eduardo Souza
Na Cúpula dos Líderes, Friederich Merz havia falado que Alemanha daria uma "contribuição considerável" (Foto: Isabel B./COP30)

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, confirmou, nessa quarta-feira, 19, que a Alemanha aportará 1 bilhão de euros ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), uma das principais apostas do Brasil para a COP 30, realizada em Belém. O anúncio chega em meio à repercussão negativa causada pela declaração do chanceler alemão, Friedrich Merz, que afirmou que jornalistas do seu país “ficaram contentes” em deixar a capital paraense.

O valor alemão — equivalente a US$ 1,15 bilhão — era aguardado desde a Cúpula de Líderes, há duas semanas. Porém, o momento da divulgação surpreendeu: até o fim da tarde, fontes oficiais da Alemanha indicavam que não haveria anúncio imediato de investimentos no TFFF.

A expectativa do governo brasileiro era de uma contribuição semelhante à da Noruega, que prometeu US$ 3 bilhões (cerca de R$ 15,9 bilhões). Com os aportes anunciados até agora, o fundo já reúne aproximadamente US$ 6,7 bilhões, aproximando-se da meta de US$ 10 bilhões no primeiro ano.

Além de Alemanha e Noruega, Brasil e Indonésia comprometeram-se com US$ 1 bilhão cada, enquanto a França vai destinar 500 milhões de euros. Holanda e Portugal também participarão com contribuições menores.

Marina Silva celebrou o anúncio e afirmou que o movimento reforça a confiança internacional no mecanismo:
— Foi graças a todo o esforço que vem sendo feito, e é uma demonstração de que esse instrumento de financiamento global é muito bem desenhado e estruturado, e começa a dar as respostas — disse a ministra.

Durante seu discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou a organização do evento no Pará e afirmou que, após a COP, “o mundo conhece Belém”. Ao citar cidades internacionais, mencionou diretamente Berlim:
— Hoje tenho certeza que Berlim conhece Belém.

Retratação do governo alemão

A declaração de Merz gerou forte desgaste diplomático e motivou reações imediatas de autoridades brasileiras e parlamentares da Alemanha. Um dia após a repercussão, o governo alemão divulgou uma nota afirmando que o chanceler tem “grande respeito” pela realização da conferência em Belém e destacou a “natureza impressionante” da Amazônia.

Reações no Brasil e na Alemanha

Segundo a emissora pública Deutsche Welle, Merz afirmou no Congresso Alemão do Comércio que nenhum jornalista gostaria de permanecer em Belém e que todos ficaram “contentes por retornar” à Alemanha. A fala foi criticada no Bundestag, especialmente por integrantes do Grupo Parlamentar Teuto-Brasileiro, que classificaram o comentário como sinal de “arrogância ocidental”.

No Brasil, a resposta foi imediata. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), chamou a declaração de “discurso preconceituoso” e lembrou a responsabilidade histórica das nações europeias sobre o aquecimento global. O prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), também rebateu, destacando que a cidade continuará oferecendo “calor humano, acolhimento e amor”, apesar da “arrogância” do chanceler.

Parlamentares como Duda Salabert (PDT-MG) e Randolfe Rodrigues (PT-AM) igualmente criticaram Merz, apontando o tom desrespeitoso e ressaltando a contribuição europeia para a crise climática.

Informações: O Globo.

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