Bacuri, biribá e tucumã movimentam feiras livres no Acre

Ricos em sabor e tradição, os frutos nativos voltam a aparecer nas bancas e valorizam o trabalho de extrativistas e agricultores familiares em várias regiões do estado

Luiz Eduardo Souza

Com a chegada do período de safra, frutas típicas da Amazônia começam a ganhar espaço nas feiras e mercados do Acre. Entre elas, três se destacam pela importância cultural e econômica: bacuri, biribá e tucumã. Cada uma tem uma história ligada à floresta, ao extrativismo e à culinária regional, representando também uma fonte importante de renda para comunidades rurais e ribeirinhas.

🍈 Bacuri: o sabor forte da floresta

O bacuri é um dos frutos amazônicos mais valorizados da estação. Sua polpa espessa, de aroma intenso e sabor agridoce, é usada na produção de sucos, sorvetes, doces e geleias. No Acre, o fruto é colhido principalmente em áreas de floresta nativa e em quintais agroflorestais no Vale do Acre e Alto Juruá, onde famílias realizam o extrativismo de forma sustentável.

Além do consumo local, o bacuri vem ganhando mercado em outros estados pela demanda crescente por produtos regionais e naturais. A extração do fruto, que ocorre entre outubro e janeiro, ajuda a complementar a renda de famílias que vivem do manejo da floresta.

🍋 Biribá: doce, delicado e cada vez mais procurado

O biribá, conhecido pelo formato arredondado e a polpa branca e cremosa, é outra fruta que marca presença nesta safra. Suave e levemente ácido, é muito usado em sucos, sobremesas e sorvetes. A colheita ocorre no fim do período seco e início das chuvas, entre setembro e dezembro, e a fruta se destaca nas feiras de Rio Branco e Cruzeiro do Sul.

Produtores relatam que o biribá tem despertado interesse crescente entre consumidores e empreendedores locais, especialmente na confeitaria e na fabricação de polpas congeladas. Seu cultivo é relativamente simples e pode ser integrado a sistemas agroflorestais, o que o torna uma alternativa promissora para diversificar a produção rural.

🌴 Tucumã: energia da floresta e alimento tradicional

O tucumã é símbolo de resistência amazônica. O fruto de casca alaranjada e polpa oleosa é consumido in natura, em vitaminas ou como ingrediente de pratos típicos. Rico em gorduras boas, betacaroteno e vitaminas A e E, é considerado um superalimento por nutricionistas.

Sua colheita acontece entre outubro e fevereiro, principalmente em áreas de várzea e mata de terra firme. No Acre, o tucumã é encontrado em mercados locais e na produção de óleos e cosméticos artesanais. Para muitas comunidades extrativistas, o fruto representa uma importante fonte de renda durante o verão amazônico.

🌱 Frutos que unem sabor e economia sustentável

Bacuri, biribá e tucumã são exemplos de como a floresta amazônica pode gerar renda sem desmatamento, por meio do uso sustentável dos recursos naturais. O fortalecimento da cadeia de valor desses produtos é visto por especialistas como caminho estratégico para conciliar preservação ambiental e desenvolvimento rural no Acre.

Com o avanço da safra, o consumidor ganha variedade e qualidade nas feiras, enquanto os produtores e extrativistas veem na floresta um aliado para manter a renda e o modo de vida tradicional.

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