Café fecha em forte queda por duas causas: Vietnã e clima

Entrada de robusta no mercado e expectativa de chuvas pressionam cotações nas bolsas internacionais

Luiz Eduardo Souza

Os contratos futuros de café fecharam a sessão desta quarta-feira, 17, em forte queda nas principais bolsas internacionais. A pressão sobre as cotações vem sendo intensificada pela entrada da nova safra de café robusta do Vietnã e pelo aumento das expectativas de chuvas nas lavouras brasileiras, com a aproximação do verão no hemisfério sul.

Na Bolsa de Nova York, o contrato do café arábica com vencimento em março de 2026 encerrou o dia cotado a 346,80 centavos de dólar por libra-peso, recuo de 1,39%. Ao longo do pregão, os preços oscilaram entre 355,13 e 346,80 centavos. Já na Bolsa de Londres, o café robusta registrou queda ainda mais acentuada, de 2,90%, fechando o mesmo vencimento a US$ 3.680 por tonelada, após variar entre a máxima de US$ 3.819 e a mínima de US$ 3.680.

O avanço da colheita no Vietnã, maior produtor mundial de café robusta, aliado ao cenário climático mais favorável no Brasil, tem pressionado o mercado internacional e reduzido a liquidez no mercado físico brasileiro. A expectativa de maior oferta global contribui para a retração dos preços e para a cautela dos agentes do setor.

Levantamento da consultoria Safras & Mercado indica que, até o dia 10 de dezembro, cerca de 69% da safra brasileira de café 2025/26 já havia sido comercializada. O ritmo das vendas segue abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior, quando alcançava 79%, e também inferior à média dos últimos cinco anos, de 74%.

No campo, os produtores acompanham com atenção o comportamento do clima e as condições das lavouras, após um ano marcado por adversidades meteorológicas. Com estoques limitados, muitos cafeicultores já concluíram as vendas em 2025 e optam por aguardar o novo ano fiscal e uma definição mais clara do cenário climático antes de retomar as negociações.

Apesar da recente pressão sobre as cotações, os fundamentos do mercado de café permanecem sustentados por incertezas climáticas no Brasil e em outros grandes países produtores, além do baixo nível dos estoques globais. Em uma perspectiva de médio prazo, projeções indicam possibilidade de recuo dos preços para a faixa de US$ 3 por libra-peso nos próximos 12 meses, considerando fatores como maior oferta internacional e mudanças no ambiente regulatório do comércio global.

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