Após queda em 2025, seguro rural projeta recuperação em 2026

Mesmo com incertezas sobre subvenção e inadimplência no campo, setor espera crescimento e ampliação da área segurada no próximo ano

Luiz Eduardo Souza
Foto: Reprodução.

Depois de um ano marcado por retração, o mercado de seguro rural deve apresentar reação em 2026. A expectativa da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) é de crescimento de 2,3% no faturamento, após uma queda estimada de 6,4% em 2025.

Após um ano de retração, o mercado de seguro rural deve registrar melhora em 2026. Segundo projeção da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), o faturamento do setor deve crescer 2,3% no próximo ano, revertendo parcialmente a queda estimada de 6,4% prevista para 2025.

Apesar da expectativa positiva, o cenário ainda é considerado desafiador. A área segurada por apólices vinculadas ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) deve fechar 2025 em apenas 2,2 milhões de hectares, o menor nível dos últimos dez anos. O volume representa menos de 5% da área agricultável do país, conforme dados da CNSeg.

De acordo com o presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), Glaucio Toyama, a inadimplência no campo e as incertezas em relação aos recursos do PSR ainda devem impactar o desempenho do setor em 2026. Mesmo assim, a avaliação é de que o próximo ano seja melhor do que o atual. A projeção conservadora aponta que a área segurada pode ficar entre 4 milhões e 5 milhões de hectares.

Entre os fatores que podem favorecer o mercado estão a estabilidade nos custos de produção, a expectativa de leve queda nos preços das commodities, a possível continuidade da redução da taxa básica de juros (Selic) e a aplicação integral dos recursos previstos para o PSR, estimados em cerca de R$ 1 bilhão. Também há expectativa de melhora na liberação de crédito em relação a 2025.

A CNSeg avalia ainda que o cenário pode avançar de forma mais consistente caso sejam aprovadas medidas estruturantes, como o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026 e o projeto de lei que atualiza o PSR e cria o Fundo de Catástrofe, com previsão de até R$ 4 bilhões em recursos. A proposta do fundo já foi aprovada no Senado e segue em tramitação na Câmara dos Deputados.

No recorte regional, Toyama destaca que áreas com maior volatilidade climática devem concentrar a demanda por seguro rural. Estados como Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul seguem entre os principais interessados na contratação das apólices.

Em relação às culturas, o dirigente aponta crescimento na procura por seguros para lavouras de inverno alternativas ao trigo, como cevada, canola e sorgo, devido aos baixos preços do cereal. O café também deve manter trajetória de expansão, enquanto o milho safrinha pode surpreender, impulsionado pela demanda do etanol de milho.

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