Embrapa firma acordo para levar tecnologias genômicas à pecuária indiana

Parceria de 10 anos amplia cooperação Brasil-Índia e impulsiona avanços no melhoramento genético do rebanho leiteiro.

Luiz Eduardo Souza
Representantes da Embrapa e empresas da Índia e do Brasil durante a assinatura do acordo de cooperação genômica.Foto: Reprodução.

A Embrapa firmou nesta segunda-feira (8) um Memorando de Entendimento (MOU) com um consórcio formado por três empresas indianas e duas brasileiras, marcando um avanço histórico na cooperação técnico-científica entre os dois países. O acordo, válido por 10 anos, tem como foco principal a transferência e validação de tecnologias genômicas desenvolvidas pela Embrapa para aplicação na pecuária leiteira indiana, com ênfase inicial em raças zebuínas. A iniciativa é fruto do Memorando assinado em julho entre a Embrapa e o Conselho Indiano de Pesquisa Agrícola (ICAR).

Segundo a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, a parceria amplia uma colaboração antiga entre Brasil e Índia no melhoramento genético bovino e agora incorpora ferramentas modernas como genômica, biotecnologia e bioinformática. O pesquisador Marcos Vinícius G. B. Silva, da Embrapa Gado de Leite, destaca que a cooperação permitirá à Embrapa acessar bancos de dados genômicos e fenotípicos indianos, essenciais para aprimorar modelos de predição e acelerar ganhos genéticos. Em contrapartida, o Brasil contribuirá com expertise em tecnologias avançadas de reprodução e melhoramento.

Entre as ações previstas, está o apoio da Embrapa na criação de um laboratório de genômica e bioinformática na Índia, replicando a metodologia de sucesso aplicada ao desenvolvimento do Gir Leiteiro no Brasil. O acordo também prevê suporte para estruturar um sistema de produção com 10 mil vacas e o desenvolvimento de programas de melhoramento das raças Sindi e Sahiwal. A Índia busca elevar sua produção anual de leite para 330 milhões de toneladas até 2034, e a parceria deve acelerar esse avanço.

O Brasil também será beneficiado com a abertura do mercado indiano para sêmen e embriões e com o aumento da variabilidade genética do rebanho Gir Leiteiro nacional, reduzindo o risco de endogamia — um dos principais desafios de programas intensivos de melhoramento. A assinatura do MOU marca o início da elaboração de projetos específicos que irão detalhar responsabilidades, recursos e direitos de propriedade intelectual, abrindo uma nova frente global para a genômica brasileira.

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