Brasil reduz impacto de tarifas dos EUA e fortalece exportações à China

Dados apresentados pela CNA mostram que café verde e carne bovina lideraram as vendas externas, apesar dos entraves comerciais com os Estados Unidos.

Luiz Eduardo Souza
Soja, café verde, carne bovina in natura, celulose e carne de frango in natura são os destaques para março na balança comercial do setor agrícola. (Foto: Ministério da Agricultura)

Durante coletiva de imprensa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), realizada nesta terça-feira, foram divulgados os dados do balanço de 2025 e as perspectivas para 2026. Segundo Sueme Mori, diretora de Relações Institucionais da entidade, o setor conseguiu reduzir parte dos impactos causados pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos graças à antecipação de embarques realizada até agosto.

De acordo com Mori, os produtos com maior volume de exportação no período foram o café verde e a carne bovina. A estratégia de acelerar os envios ajudou a diminuir os prejuízos provocados pelas taxas de até 40% aplicadas pelo governo norte-americano durante a gestão do presidente Donald Trump. As tarifas sobre produtos do agro — incluindo pescados, sebo bovino, mel natural, uvas frescas e álcool etílico — só foram retiradas em novembro. Caso esses itens percam novamente acesso ao mercado americano, a CNA estima um déficit potencial de US$ 2,7 milhões no agronegócio.

A China permaneceu como principal destino das exportações brasileiras, com US$ 52 bilhões movimentados e participação de 52% na balança comercial do setor, puxada pela demanda por soja em grãos e carne bovina. Na sequência aparecem União Europeia, Estados Unidos, Vietnã e Índia.

No acumulado de janeiro a novembro, as exportações registraram recuo. Em 2024, o volume havia alcançado US$ 10,9 bilhões; no mesmo período de 2025, caiu para US$ 10,5 bilhões. A principal queda ocorreu no café verde, que recuou 32% em relação ao ano anterior.

Mesmo diante das barreiras americanas, o Brasil manteve bom desempenho em mercados alternativos. As vendas para a China seguiram firmes, com destaque novamente para café verde e carne bovina. União Europeia, Canadá, Argentina e México também contribuíram para sustentar o crescimento das exportações.

Para 2026, a CNA avalia que o comércio com os Estados Unidos seguirá enfrentando dificuldades, mas o mercado chinês continuará sendo um aliado estratégico. Mori destacou ainda que o avanço na ratificação do acordo entre Mercosul e União Europeia representa um ponto positivo para a ampliação das oportunidades comerciais nos próximos anos.

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