Durante o Cipel 2025, o acadêmico de Medicina Veterinária Gustavo Henrique apresentou o projeto “Análise da Qualidade da Água para Dessedentação de Vacas Leiteiras na Unidade Demonstrativa da UFAC Leite”, desenvolvido sob a orientação do professor Eduardo Mitke. O estudo revelou dados preocupantes sobre a qualidade da água utilizada nas propriedades leiteiras e seus impactos diretos na produtividade e na saúde dos rebanhos.
Segundo Gustavo, embora a importância da água como nutriente essencial já esteja amplamente comprovada por estudos científicos, ela ainda é negligenciada no manejo das fazendas. “A água influencia diretamente a produtividade do leite, mas raramente recebe a atenção adequada. O manejo é complexo e exige soluções específicas para cada propriedade, não existe fórmula pronta”, destacou.
O levantamento foi realizado na unidade experimental da UFAC e envolveu a coleta e análise da água conforme os parâmetros estabelecidos pela Resolução CONAMA 357. Os resultados mostraram adequação nos níveis de pH e sais minerais, porém revelaram excesso de matéria orgânica e um crescimento bacteriano 17 vezes maior que o limite máximo permitido pela legislação.
De acordo com Gustavo, a presença de coliformes fecais e bactérias patogênicas pode comprometer tanto a sanidade dos animais quanto a qualidade do leite. “Cerca de 87% do leite é composto por água. Se a água está contaminada, isso afeta diretamente a produtividade e aumenta o risco de doenças reprodutivas e infecciosas no rebanho”, explicou.
O projeto também aponta a necessidade de estratégias de melhoria e desinfecção da água, como o uso de cloração, sulfato de alumínio e purificação por ozônio — esta última considerada uma tecnologia promissora, mas que ainda carece de validação científica no Brasil.
O estudo integra as ações da UFAC Leite, unidade demonstrativa voltada à pesquisa e extensão no setor pecuário, que busca fortalecer a cadeia produtiva do leite no Acre com base em ciência, sustentabilidade e boas práticas de manejo.
