A macaxeira, símbolo da culinária acreana e base de sustento de centenas de famílias rurais, poderia ocupar um espaço de destaque também na alimentação escolar. No entanto, a falta de estrutura adequada e de certificações sanitárias ainda impede que produtos como farinha, goma e tapioca, produzidos localmente, façam parte do cardápio das escolas públicas.
O produtor Ferreirinha, que coordena uma casa de farinha onde oito famílias trabalham juntas na produção artesanal, acredita que a compra direta pelo poder público seria uma forma eficaz de valorizar o trabalho rural e fortalecer a economia local.
“Se tivesse uma estrutura organizada, dava pra vender goma, tapioca e farinha pras escolas. Mas falta selo, falta investimento. Aí eles acabam comprando de fora. A gente trabalha certo, mas sem apoio, não chega lá”, relata.
Para ele, os alimentos derivados da macaxeira deveriam ser prioridade nas compras públicas, por representarem a tradição alimentar do Acre e oferecerem produtos frescos e de qualidade.
“É o que o povo come todo dia. A escola podia comprar daqui, fortalecer o produtor e alimentar melhor as crianças”, defende Ferreirinha.
O produtor ressalta que pequenas melhorias nas condições de trabalho e na infraestrutura das casas de farinha — como espaços adequados, equipamentos modernos e certificação sanitária — seriam suficientes para permitir que o setor rural passasse a fornecer regularmente à rede municipal de ensino.
“A gente tem o produto e vontade de trabalhar. Só falta o governo acreditar na gente”, conclui.
A iniciativa, além de incentivar a agricultura familiar e a produção regional, também representaria um avanço na política de segurança alimentar, garantindo merenda escolar mais nutritiva, culturalmente adequada e com impacto econômico positivo nas comunidades rurais.