Desafio do Acre é consorciar cacau de cultivo à industrialização

Técnico do Senar mostra exemplo rondoniense e apresenta cenários ao investimento que é sugerido pelo Governo do Acre

Itaan Arruda

A maior parte do cacau do Acre é extraído. Trata-se de um cacau nativo. Cacau de cultivo é produto raro por aqui. Estatisticamente, é nula a presença. O que há de maior volume na região é a experiência dos indígenas manchineri, em Assis Brasil, ou na foz do Rio Iaco, em Sena Madureira, até chegar à Boca do Acre, com a atuação da cooperativa amazonense Cooperar.

A Cooperar reúne produção de 450 famílias ao longo de mil quilômetros de rio. Ano passado, somou cerca de 20 toneladas. Não há verticalização da produção e esse é o principal desafio para os governos locais: encontrar uma forma de industrializar esse cacau na própria região.

A Secretaria de Estado de Agricultura tem o projeto da Rota do Cacau, que integra ações de fomento ao Turismo e estímulo à produção cacaueira. Mas ainda não está claro quanto de investimento é previsto no processo de verticalização.

“A ideia é mostrar como o cultivo tecnificado pode agregar valor à produção. O mercado está carente de cacau, e isso valoriza ainda mais a amêndoa e aumenta a renda do produtor”, explicou Isarell Melo, técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Rondônia (Senar-RO), em recente encontro em Rio Branco.

Para ele, a verticalização da produção, associada ao cacau nativo é uma alternativa que pode agregar valor. Mas não há saída fora da industrialização. “Queremos levar conhecimento para incentivar novos plantios, mostrando que o cacau pode ser uma excelente alternativa de diversificação, junto com culturas como a macaxeira e o café. Assim, o produtor agrega valor e tem mais estabilidade diante das mudanças climáticas”, afirmou.

O técnico do Senar lembrou que o cacau clonal começa a produzir entre três e quatro anos após o plantio. Nesse período, o produtor pode intercalar outras culturas para gerar renda. “O produtor pode plantar banana, mamão ou mandioca junto. Isso ajuda no sombreamento e garante entrada de dinheiro enquanto o cacau se desenvolve. A partir de quatro anos, já é possível faturar mais de R$ 30 mil por hectare ao ano”, pontuou.

Ele ressaltou, no entanto, que o cultivo do cacau exige planejamento e visão de longo prazo. “O produtor não pode pensar no resultado imediato, como acontece com culturas de ciclo curto, tipo melancia. O cacau é uma poupança futura. É preciso paciência e manejo adequado para colher bons resultados por 10, 15 ou 20 anos”, orientou.

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