Há um movimento executado pelo Governo Federal que tem impacto direto na agropecuária. É um movimento pragmático, concreto. Não vê quem não quer ver. Quem decide não ver, por decisão. Geralmente, motivado por questões político-ideológicas. Trata-se da abertura de mercados. Alcançar a marca de 400 mercados abertos não é empresa pouca.
A metáfora de botequim que relaciona as cestas e os ovos é fulminada com esse dado (muito mal divulgado pelo Governo Federal, frise-se). É um feito inédito e expõe desafios novos ao setor da agropecuária. “Mais de 400” mercados, diz o Mapa. Não adianta minimizar a cena. Na diplomacia econômica brasileira, ainda não se tinha construído uma cena semelhante.
Com “mais de 400 mercados abertos”, não é possível afirmar que o país está dependente exclusivamente deste ou daquele país no comércio de produtos agropecuários especificamente. É evidente que a grandiosidade de mercados como os Estados Unidos e China, naturalmente, impactam a balança comercial de qualquer país.
Mas a sugestão de que o Itamaraty e o Ministério da Agricultura estão acomodados ou não fizeram o que precisava ser feito porque não se curvou às exigências do presidente Donald Trump não é justo.
O mês de agosto foi importante para mostrar como existe mundo lucrativo para além dos Estados Unidos. A balança comercial registrou US$ 29,8 bilhões em exportações em agosto. Houve aumento de 43% no comércio com o México; aumento de 58% com a Índia; 7% de aumento com o Japão; 23% com a Indonésia; 27,6% com o Mercosul e aumento de 31% com a China. Esses números não são bons? Boa parte desses números são produtos da agropecuária. É natural, dadas as circunstâncias, que tenha havido queda no comércio com os Estados Unidos em agosto. E houve queda: 18%.
É claro que uma arenga com a maior economia do mundo não é bom para ninguém. Mas o agosto de 2025 mostra que não é mortal. O que é necessário é continuar (perceba o verbo, leitor: continuar) o trabalho de diplomacia econômica que o Itamaraty, Mapa e Apex vêm fazendo desde abril para resolver arestas com os EUA. Paralelo a isso, manter abertas essas outras “mais de 400 portas” para os produtos brasileiros.
A retórica de que o Brasil não negocia com os Estados Unidos só se justifica por dois fatores: má fé ou ideologia de boteco. No mais, os produtores brasileiros (e acreanos em especial) têm problemas mais práticos e urgentes a resolver. Ao trabalho.