Lua minguante marca agosto e agricultores avaliam influência no campo

Tradição popular indica que período favorece raízes e podas, mas ciência ainda não comprova relação direta com a produção agrícola

Luiz Eduardo Souza
Zoneamento identificou lugares mais apropriados para o plantio da cultura no Acre. (Foto: Sebastião José de Araújo/Embrapa)

A Lua sempre exerceu fascínio sobre os povos, seja pelo brilho no céu noturno ou pela relação simbólica com a agricultura. Desde a antiguidade, agricultores observam as fases lunares para definir momentos de plantar, colher e cuidar do solo. Em agosto de 2025, o calendário lunar traz destaque para a fase minguante, iniciada no dia 16, e que segue até a Lua Nova, marcada para o dia 23.

Na tradição agrícola, a Lua Minguante é considerada ideal para o plantio de culturas que se desenvolvem debaixo da terra, como cenoura, mandioca, batata e beterraba. Também é vista como um período indicado para podas, capinas e manejo do solo, já que, simbolicamente, a seiva das plantas estaria mais concentrada nas raízes.

Além disso, essa fase é interpretada como um bom momento para fortalecer a base das culturas já estabelecidas. Produtores que seguem o calendário lunar costumam aproveitar o período para reforçar adubações voltadas ao sistema radicular, acreditando que a planta absorve melhor os nutrientes nessa etapa.

Na primeira quinzena de agosto, os agricultores tiveram a influência da Lua Cheia, associada à colheita de frutos mais suculentos. Já no fim do mês, o calendário marca um retorno à Lua Crescente, considerada propícia para o plantio de culturas que crescem acima do solo, como folhosas, milho, arroz e frutíferas.

No Acre, essa leitura das fases da Lua ainda é muito presente entre agricultores familiares, principalmente em áreas rurais onde o conhecimento é passado de geração em geração. Muitos afirmam que mesmo sem comprovação científica, os resultados práticos ao longo do tempo mantêm viva a crença na influência lunar.

Especialistas lembram, porém, que não há estudos científicos conclusivos que comprovem a relação direta entre a Lua e o desenvolvimento das plantas. Pesquisas apontam que fatores como qualidade do solo, disponibilidade de água, temperatura e manejo adequado são determinantes mais claros para o desempenho das lavouras.

Mesmo assim, o calendário lunar é usado como um aliado cultural e organizacional. Para muitos agricultores, ele funciona como um guia de planejamento, ajudando a distribuir atividades agrícolas ao longo do mês e integrando o ritmo da produção ao ciclo natural.

No mês de agosto, portanto, as atividades recomendadas pela tradição lunar incluem o plantio de raízes e tubérculos, a realização de podas, além da preparação de áreas para novos cultivos. A Lua Nova, que chega em 23 de agosto, é geralmente evitada para novos plantios, mas considerada boa para trabalhos de limpeza e correção do solo.

A retomada da Lua Crescente, no final do mês, abre espaço para uma nova janela de plantio, dessa vez voltada às culturas de folhas e frutos. Assim, agricultores que seguem o calendário lunar tendem a planejar agosto de forma estratégica, alternando entre colheita, plantio de raízes e preparação para novas safras.

Mais do que uma técnica agrícola, a prática de observar a Lua no campo representa um elo cultural entre tradição e produção. No Acre, onde o agro tem papel decisivo na economia, essa herança continua viva nas mãos de agricultores familiares e médios produtores, que combinam a sabedoria popular com práticas modernas de manejo para garantir produtividade e sustentabilidade.

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