Aldo Rebelo relembra disputa diplomática e defende o direito do Brasil ao desenvolvimento

Ex-ministro critica submissão atual da política externa e exalta atuação histórica do país nas conferências do clima

Luiz Eduardo Souza
Aldo Rebelo também mirou críticas à atual condução da política externa brasileira. (Foto: Sérgio Vale)

Durante fala recente, o ex-ministro Aldo Rebelo criticou duramente o que chamou de diplomacia “ornamental” praticada pelo Brasil nos tempos atuais e defendeu uma retomada da soberania nacional frente às agendas internacionais. Ao relembrar a primeira Conferência do Clima da ONU, ainda nos anos 1970, ele apontou que o verdadeiro objetivo do evento era legitimar o “limite do crescimento” como resolução obrigatória para os países em desenvolvimento. Segundo ele, a intenção era clara: “dizer que o senhor não pode mais se desenvolver. Se tentar, está ameaçando o planeta”.

Rebelo resgatou o papel decisivo do embaixador Araújo Castro, então representante do Brasil na ONU, que enfrentou diretamente os interesses das grandes potências. “Congelaram o poder militar com o tratado de não proliferação de armas nucleares. Agora queriam congelar o poder econômico, dividindo o mundo em países desenvolvidos, com tecnologia, e subdesenvolvidos, que só poderiam fornecer matéria-prima”, afirmou. Araújo Castro, segundo ele, travou uma batalha histórica com o embaixador dos Estados Unidos, o senador Patrick Moynihan, e impôs uma das maiores derrotas diplomáticas à diplomacia americana.

O ex-ministro destacou que o Brasil só aceitou participar da conferência após garantir que a pauta abordasse também o “direito ao desenvolvimento”, e não apenas as questões ambientais. “Sem esse direito, não teria conferência”, disse Rebelo. Para ele, foi uma demonstração de soberania e visão de futuro, liderada por diplomatas que sabiam defender os interesses nacionais e não se curvavam a pressões externas. “Araújo Castro foi um estadista, respeitado até pelos adversários”, ressaltou.

Aldo Rebelo encerrou sua fala com críticas ao abandono progressivo da agenda de desenvolvimento pelo Brasil. “Fomos entregando o país, aceitando participar de eventos onde nosso direito de crescer e garantir bem-estar para o nosso povo foi colocado em segundo plano”, afirmou. Ele defende que o país recupere sua postura independente nas relações internacionais e pare de aceitar rótulos que o colocam como vilão ambiental. “O Brasil tem o que o mundo precisa: território, água, clima e povo trabalhador. E tem o direito inalienável de se desenvolver”, concluiu.

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