A intensificação da colheita da segunda safra de milho e o volume expressivo de soja ainda estocado nas propriedades rurais têm pressionado a demanda por transporte e elevado os preços dos fretes também no Acre. Embora o estado não tenha produção tão volumosa quanto os grandes polos agrícolas do Centro-Oeste, a logística local sente os reflexos do cenário nacional, com aumento na procura por caminhões e maior concorrência entre produtores para garantir o escoamento da safra.
De acordo com o Boletim Logístico de julho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal registraram aumentos de até 46% nos valores dos fretes em junho, cenário que acaba influenciando rotas e custos no Acre, especialmente nas regiões que dependem de transportadoras que operam em todo o país. No interior do estado, agricultores relatam dificuldade para encontrar caminhões disponíveis e alta nos preços do frete por tonelada.
A situação é agravada pela baixa disponibilidade de veículos durante o período de pico da colheita, somada ao aumento no preço do diesel e à distância dos centros de consumo e exportação. Para produtores acreanos, que enfrentam desafios estruturais para escoar a produção — como estradas vicinais em más condições e pouca oferta de armazéns —, o encarecimento do transporte compromete a rentabilidade e pode atrasar a comercialização dos grãos.
Diante desse cenário, especialistas defendem investimentos em infraestrutura logística no Acre e maior integração com modais alternativos, como o transporte hidroviário, para reduzir custos e ampliar a competitividade da produção local frente ao mercado nacional.