EUA acusam agro brasileiro de desmatamento ilegal e Acre registra alta na destruição florestal

Relatório dos EUA aponta uso de áreas ilegalmente desmatadas na produção de commodities; no Acre, desmate cresceu até 39% em 2024, segundo dados independentes.

Luiz Eduardo Souza
Acre apresentou piores indicadores em ranking feito pelo BNDES. (Foto: ac24horas)

O governo dos Estados Unidos abriu uma investigação contra o Brasil, acusando o agronegócio nacional de se beneficiar de práticas comerciais desleais ligadas ao desmatamento ilegal. O relatório americano afirma que mais de 90% da área desmatada no país em 2024 seria fruto de ações irregulares, sobretudo nos setores de soja, milho e carne bovina. A iniciativa, liderada pelo USTR (Representante de Comércio dos EUA), cita ainda falhas de fiscalização e corrupção, o que colocaria em xeque a competitividade de produtos brasileiros no mercado internacional.

Embora o governo brasileiro tenha rebatido a acusação afirmando que houve redução nos índices de desmate, os dados divergentes entre sistemas de monitoramento levantam dúvidas sobre o real cenário da Amazônia. No caso do Acre, por exemplo, enquanto o Prodes/Inpe aponta uma queda de 25% no desmatamento entre 2023 e 2024 (de 601 km² para 448 km²), outros sistemas como o Imazon e MapBiomas mostram crescimento expressivo. De acordo com o SAD/Imazon, o Acre passou de 333 km² de área desmatada em 2023 para 464 km² em 2024 — um aumento de 39%.

A degradação florestal também cresceu de forma alarmante no estado: segundo levantamento do MapBiomas, subiu 318%, alcançando 184 km². Os alertas de desmatamento cresceram mais de 30% no período. Além disso, dados consolidados entre agosto de 2024 e janeiro de 2025 apontam um salto de 39% no ritmo de desmatamento no estado em relação ao mesmo período anterior. Apenas em janeiro deste ano, o Acre perdeu 3 km² de floresta, número inexistente no mesmo mês de 2024.

Diante dessas informações, a pressão internacional por rastreabilidade e sustentabilidade nas cadeias produtivas se intensifica. Países como Estados Unidos, União Europeia e China discutem restrições comerciais para produtos oriundos de áreas com desmate. No Acre, onde parte do agro ainda avança sobre áreas sensíveis, o desafio é conciliar produção com preservação para não comprometer o acesso a mercados estratégicos.

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