Durante muito tempo, a gestação gemelar foi considerada um problema na pecuária, devido ao risco de complicações no parto e à limitação na produção de leite para alimentar dois bezerros. No entanto, um protocolo desenvolvido em Ji-Paraná, Rondônia, vem mostrando que, com o manejo adequado, essa condição pode representar uma oportunidade para aumentar a eficiência reprodutiva e a produtividade por hectare. A técnica foi criada em 2016 e desde então tem elevado em mais de 80% o número de nascimentos na propriedade.
O protocolo combina o uso de touros com genética de “peso negativo ao nascimento” — característica que favorece o nascimento de bezerros menores e facilita o parto — com a fertilização in vitro (FIV). Os embriões são implantados em dupla em vacas com histórico de alta habilidade materna, o que melhora as chances de sucesso na gestação gemelar. A escolha criteriosa dos reprodutores e das receptoras é essencial para garantir bons resultados no campo.
Para suprir a necessidade nutricional dos bezerros, já que uma vaca dificilmente produz leite suficiente para dois filhotes, foi desenvolvido um sistema automatizado chamado “tronco mamatório”. A estrutura combina creep feed — cocho de acesso exclusivo aos bezerros — com suplementação de leite e minerais, garantindo o desenvolvimento saudável dos animais. O conjunto da técnica tem contribuído para transformar a gestação gemelar em uma ferramenta estratégica para o aumento da produtividade na pecuária.