“A preocupação é gigantesca”, diz Jonas Lima, sobre comércio do café

Sobretaxa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acende alerta de produtores do Juruá, que trabalham em rede com Rondônia. Assembleia com produtores discute cenário nesta sábado

Itaan Arruda

O presidente da Coopercafé, Jonas Lima, está atento e preocupado com as consequências da sobretaxa de 50% anunciada pelo governo dos Estados Unidos aos produtos importados do Brasil. “A preocupação é gigantesca”, admitiu Lima. Neste sábado (12), haverá no Complexo Industrial do Café do Juruá uma assembleia com todos os produtores cooperados para expor a complexidade do cenário.

A estimativa da direção da cooperativa era de que a safra da região, em 2025, seria de 30 a 40 mil sacas de café. A estimativa foi frustrada. Uma revisão dos cálculos reduziu a projeção para algo entre 20 a 25 mil sacas.

Mesmo com a redução da produção, o receio com as consequências do tarifaço do governo norte-americano existe. “Nós temos que botar café pra fora”, alerta Jonas Lima, da Cooperacafé. “Botar café pra fora” é uma expressão cotidiana para “exportar”. A insegurança causada com a sobretaxa é: “para onde se o segundo maior cliente praticamente fechou a porta?”

Ao menos, por enquanto a apreensão não se sustenta nos números. O preço do café arábica chegou a operar com alta de 4% na Bolsa de Valores de Nova Iorque na quinta-feira desta semana. A precificação ficou em US$ 287,80 por libra-peso, alta de 1,32%. No Brasil, a alta foi maior: fechou em US$ 351,90 a saca.

O arábica não é o café produzido no Juruá. Mas essa valorização, mesmo após o anúncio da sobretaxa, torna o ambiente ainda mais intrigante e inseguro para quem produz. Analistas do mercado cafeeiro ouvidos por grandes jornais do país avaliam que o consumidor norte-americano não vai deixar de consumir o produto. Com o poder de compra alto, o produto, mesmo em ambiente de alta do preço, parece ter espaço garantido na rotina do consumidor de lá. Os analistas, no entanto, não afastam a possibilidade de que o preço interno sofra queda para o produtor. 

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