Pastagens consorciadas são caminho para sustentabilidade da pecuária de cria

Especialista da UFLA defende uso de leguminosas em consórcio com gramíneas para aumentar produtividade, recuperar pastagens e reduzir custos na pecuária de cria.

Luiz Eduardo Souza

A pecuária de cria brasileira pode dar um salto em produtividade e sustentabilidade com a adoção de pastagens consorciadas, segundo o professor e pesquisador Daniel Rume Casagrande, da Universidade Federal de Lavras (UFLA). O tema foi abordado nesta quarta-feira (26), durante o 1º Simpósio Acreano da Pecuária de Cria, em Rio Branco.

Casagrande destacou que o modelo tradicional de criação extensiva, baseado em monocultivo de gramíneas e manejo pouco intensivo, ainda predomina em boa parte das propriedades familiares, mas precisa evoluir. A alternativa, segundo ele, está no uso de pastagens consorciadas com leguminosas, estratégia que melhora a qualidade da forragem, reduz custos com fertilizantes e ainda beneficia o solo.

“A inclusão de leguminosas forrageiras, como o estilosantes e o calopo, eleva os teores de proteína bruta na dieta dos animais e fixa nitrogênio no solo, diminuindo a dependência de adubos nitrogenados. É um sistema que melhora o desempenho animal e protege o meio ambiente”, explicou.

O especialista da UFLA ressaltou que sistemas consorciados aumentam a resiliência das pastagens durante o período seco, contribuindo para a regularidade da oferta de alimento, algo essencial para vacas em gestação e bezerros em fase de desenvolvimento. Além disso, promovem maior diversidade de raízes no solo, o que melhora a estrutura, a infiltração de água e reduz a emissão de gases de efeito estufa.

🔍 Resultados de campo

Durante a apresentação, Casagrande compartilhou dados de experimentos conduzidos em Minas Gerais, onde a adoção de pastagens consorciadas resultou em aumento de até 30% no ganho médio diário de peso dos bezerros e redução de 40% no uso de adubos químicos.

“A tecnologia é acessível e adaptável às condições da Amazônia. O produtor pode introduzir essas leguminosas em áreas degradadas como uma forma de recuperação de pastagens, com baixo custo e resultados consistentes”, pontuou.

🐄 Inovação com base científica

A palestra integra o esforço do Simpósio de difundir tecnologias sustentáveis adaptadas à realidade da pecuária familiar no Acre, que representa mais de 80% das propriedades criadoras de bezerros no estado, segundo diagnóstico da Embrapa.

Com base em experiências práticas e validação científica, a proposta do Daniel Casagrande reforça o papel da pesquisa no desenvolvimento de modelos de produção que aliem produtividade e conservação ambiental – um dos principais desafios da atividade pecuária em regiões tropicais.

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