A advogada Raessa Rodrigues, que trabalha na defesa de Gutierri Ferreira da Silva, um dos pequenos pecuaristas autuados na Operação Suçuarana, diz que o cliente está sendo prejudicado. Até o momento, eles não sabem o que, efetivamente consta nos documentos correspondente ao processo, aos fatos.
“O ICMBio está acampado na área desde a última sexta-feira, e até agora não foi apresentada nenhuma documentação, seja uma decisão administrativa, ordem de missão ou qualquer outro instrumento que justifique ou explique as ações que estão sendo executadas”, reclamou a advogada.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade justifica a Operação Suçuarana informando que o trabalho tem como objetivo “combater o desmatamento na Resex Chico Mendes, atualmente a unidade de conservação federal mais desmatada do país. O monitoramento do ICMBio identificou que os principais responsáveis por esse crime ambiental são práticas ilegais de pecuária de grande porte, em desacordo com as normas que regem áreas protegidas. Os alvos da operação são invasores da reserva que já haviam sido notificados administrativamente e possuem decisões judiciais transitadas em julgado contra suas propriedades e atividades econômicas”, diz o instituto no site oficial.
A advogada afirma que as informações repassadas pelos agentes de fiscalização ambiental não colaboram para trazer transparência à ação do instituto. “Quando conversei com o agente responsável pela operação, ele afirmou que se tratava de uma apreensão, que o gado permaneceria no local e que não haveria abate”, lembra Raessa Rodrigues. “Contudo, no dia seguinte, parte do gado foi levado para o frigorífico, contrariando a informação inicialmente repassada. Até o momento, não sabemos exatamente quantos animais foram abatidos. O que foi possível constatar é que foram levados garrotes e vacas com bezerros ainda mamando, sendo que os bezerros foram deixados para trás, com fome. Diante disso, fica difícil confiar nas informações fornecidas pela equipe que está conduzindo a operação”.
A advogada disse que constatou que há animais que se machucaram durante a operação. O uso de helicóptero assustou os animais. Alguns arrebentaram algumas cercas. Isso possibilitou também a mistura de gado de uma área vizinha. “Na sexta-feira, quando chegaram, os agentes tocaram gado que estava em outra área para dentro da área do Gutierri, ou seja, há animais no local que sequer pertencem a ele”.
Sobre a criação de gado em área embargada, a advogada dispõe das seguintes informações: Nos processos administrativos onde constam os embargos, a advogada afirma que há um embargo de 11 hectares e outro de 33 hectares. Eu estava ciente apenas do embargo de onze hectares”, diz. “No de trinta e três hectares não fomos intimados do julgamento em primeira instância e eu vou pedir a anulação”, antecipa.
Os dois processos, garante Raessa Rodrigues, estão arquivados. “Lá não consta nada que relacione a operação a esses processos e esse é o meu maior problema… não estou conseguindo identificar se a operação tem relação com eles ou não. As informações são vagas e estão dificultando bastante a defesa”.