A advogada Elenira Mendes, filha do líder seringueiro assassinado em 1988, Chico Mendes, deve formalizar na Justiça comum uma reação às ameaças a Raimundo Barros, o Raimundão, morador da Resex e presidente da Associação dos Produtores e Produtoras Agroextrativistas do Seringal Floresta e Adjacência.
Em um áudio vazado de grupos de WhatsApp, uma mulher, revoltada com as apreensões realizadas na Operação Suçuarana, executada pelo ICMBio, faz o seguinte relato: “A gente passa no campo deles, vê um monte de gado velho, comendo mato. Vai vê que, por trás, eles têm campo. E, para isso, eles não liga (sic) para fazer campo, não. Porque a vida deles é comprar e não pagar. Eles querem viver a vida deles de malandro, igualmente o parente deles. Por isso que morreu, o Chico Mendes. Porque a vida deles era curtir preguiça e perseguir a vida dos outros. Portanto, ele chegou até a pegar uma balada nos peitos ou foi na cara, eu não sei porque não foi no meu tempo. Mas que hoje, se ele fosse vivo, talvez a mesma coisa se repetia, assim como está para se repetir com eles. Porque a vida deles é comprar fiado e não pagar. Por isso, eles não querem trabalhar e ainda perseguem quem trabalha. Pessoal fudido esse do Raimundão”.
A advogada Elenira Mendes, ao tomar conhecimento do áudio já planeja uma reação. Deve judicializar uma ação para garantir esclarecimentos da mulher que fez a ameaça. Mas também há outras acusações que precisam ser esclarecidas.
O vereador Alcemir Teodósio (União Brasil), durante fala realizada diante dos agentes de fiscalização ambiental do ICMBio, sugeriu que Raimundão estava cometendo crimes ambientais.
“Diante das graves acusações proferidas de forma pública e amplamente divulgadas em rede social pelo vereador Alcemir Teodózio, nas quais imputa a Raimundão a prática de crimes ambientais na Resex Chico Mendes— como a existência de serraria destinada à comercialização ilegal de madeira e derrubada de castanheiras para construção de curral— informamos que tais alegações são infundadas, caluniosas e representam um evidente abuso do direito de manifestação”, afirma a advogada. “Reafirmamos que toda manifestação de pensamento é assegurada pela Constituição Federal, mas seu exercício não pode ser utilizado como instrumento de ataque irresponsável à honra, à reputação e à integridade de terceiros”.
A advogada disse que analisa também o áudio da mulher que ameaça Raimundo Barros. “Uma fala grave que ultrapassa os limites da liberdade de expressão e configura incitação à violência”, avaliou Mendes. “Não permitiremos que acusações levianas, baseadas em interesses políticos ou pessoais, destruam a dignidade de um cidadão sem que haja qualquer fundamento legal ou prova concreta”.