Depois de mais de uma década usando a tradicional folha defumada líquida (FDL) como matéria-prima para a produção de tênis, a marca francesa Veja confirmou que deixou esse modelo para trás. Segundo François-Ghislain Morillion, cofundador da empresa, a última compra desse tipo de borracha foi realizada em 2018. Desde então, a marca migrou totalmente para o GEB (Granulado Escuro Brasileiro), mais compatível com as novas exigências de volume e qualidade.
“A Cooperacre abriu a indústria de beneficiamento e, com isso, conseguimos escalar a produção com o JEB. A folha defumada não está mais sendo produzida nem pelas cooperativas parceiras”, afirmou François durante reunião do Comitê da Borracha realizado no Acre.
A transição representa um marco na modernização da cadeia produtiva da borracha nativa. O GEB, além de ter maior padronização, facilita o controle de qualidade e melhora a eficiência do transporte e armazenamento — fatores importantes para atender à demanda crescente da marca.
Sonho acreano no horizonte
Apesar de estar presente em mais de 70 países, a Veja ainda não possui uma loja oficial no Acre, estado onde a maior parte da borracha nativa é produzida. Isso pode estar prestes a mudar. François revelou que existe um sonho antigo de abrir uma loja própria no estado, e a ideia começou a ganhar força em uma reunião recente com a diretoria da empresa na França.
“A gente lançou a ideia no mês passado, e o nosso diretor comercial gostou muito. Vamos trabalhar nisso”, disse o cofundador. Atualmente, a marca já é vendida no Acre por meio de revendedores como a VLG, mas uma loja oficial traria maior variedade de modelos e reforçaria o vínculo simbólico entre a marca e a floresta que inspira sua identidade.
Segundo François, a abertura da unidade ainda está em fase de conversas, e há interesse em uma possível parceria com a própria VLG para essa expansão. “Eles já vendem nossos produtos, são referência aqui. Vamos ver se topam abrir uma loja oficial da Veja”, comentou.
O que começou com um par de tênis feito com borracha da Amazônia agora mira novas conquistas — mais modernas, conectadas e com raízes firmes no Acre.