Pesquisadores da Iniciativa MAP (grupo de cientistas de instituições do Brasil, Bolívia e Peru) assinam uma nota técnica com observações sobre o verão na região da tríplice fronteira. O cenário não é animador. Com um destaque: não é um problema pontual para o Acre, mas para toda a região.
“Cada ano está ficando pior que o ano anterior”, afirma o pesquisador da Embrapa e integrante da Academia Brasileira de Ciências, Eufran Amaral. “Como eu costumo dizer, o tempo não nos dá mais tempo”.
Os referenciais estão aumentando ano a ano. Exemplo: a temperatura média de março de 2025 foi menor que a registrada em março de 2024. O problema é que março de 2024 já foi um mês com a temperatura mais alta dos últimos vinte ou trinta anos.
Ou seja, pode ser até que em um determinado mês o clima tenha sido mais ameno que o mesmo período do ano anterior. O problema é que o ano anterior foi um dos mais quentes em décadas. Os referenciais de análise estão com tendência de temperaturas cada vez mais altas. “Diante da crescente ameaça de secas extremas previstas, é crucial ressaltar o papel estratégico das áreas naturais protegidas (Terras indígenas e Unidades de Conservação) na zona de fronteira como o Parque Nacional Alto Purus no Peru, que protege cabeceiras de bacias essenciais dos rios Purus, Juruá, Chandless e outros como o Acre e o Tahuamanu”, pontua o documento. “Essas áreas naturais protegidas se articulam ecológica e funcionalmente com unidades de conservação do estado do Acre (Brasil), como as Unidades de Conservação Estação Ecológica do Rio Acre, o Parque Estadual Chandless e a Reserva Extrativista Chico Mendes, além das Terras Indígenas Alto Purus, Cabeceira do Rio Acre, Jaminawa do Guajará, Mamoadate e Manchineri do Seringal Guanabara, a Reserva Extrativista Alto Juruá, assim como com áreas protegidas do departamento de Pando (Bolívia), como a Reserva Manuripi”.
Os cientistas entendem que essas áreas, em conjunto, formam uma espécie de “proteção”. “Em conjunto, essas áreas naturais protegidas conformam uma paisagem trinacional de alto valor ecológico que garante a conectividade biológica, a regulação hídrica e a conservação das florestas na região MAP”.
