Sindicato denuncia abandono das escolas na zona rural de Rio Branco

Presidente de sindicato denuncia que alunos bebem água do rio, escolas funcionam sem estrutura e professores enfrentam longas jornadas para levar merenda e material escolar às comunidades.

Luiz Eduardo Souza

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Extrativistas e Assemelhados de Rio Branco, Josimar Ferreira, fez um forte desabafo sobre o que classificou como “descaso total” com a educação nas comunidades rurais do município. Em áudio enviado à reportagem, Josimar denuncia a precariedade das escolas, a falta de infraestrutura básica e o abandono do poder público, tanto municipal quanto estadual.

“Tem escola em que os alunos bebem água do rio, água de poço sem tratamento. É revoltante. A professora tem que puxar água do rio pra fazer a merenda e encher os filtros pra os alunos beberem”, relata. Segundo ele, a situação se arrasta há anos, sem que haja soluções concretas por parte das autoridades.

A logística para levar merenda e material escolar às comunidades mais isoladas é outro ponto crítico. Josimar conta que, muitas vezes, são os próprios professores que se encarregam de transportar os alimentos e os livros, enfrentando viagens cansativas de barco e cavalo por ramais precários. “Tem professor que passa dois dias subindo rio pra entregar material numa escola. Isso é desumano”, disse.

A denúncia também aponta a ausência de suporte técnico e pedagógico nas escolas, que em muitos casos só oferecem aulas até a quinta série. A falta de perspectivas educacionais estaria levando adolescentes ao abandono escolar precoce e até a casamentos forçados. “Meninas com 13 anos estão se casando porque não têm opção de vida. Isso é uma vergonha.”

Josimar afirmou que o sindicato já apresentou denúncias ao Ministério Público e que pretende levar o caso também ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), com apoio de uma conselheira que teria se comprometido a visitar as escolas in loco.

“A Amazônia é elogiada no mundo inteiro, mas quem mora dentro dela vive no esquecimento. A educação rural está abandonada, e os filhos dos trabalhadores são os mais prejudicados”, conclui o sindicalista.

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