O Observatório da Castanha da Amazônia (OCA), uma rede composta por pesquisadores da Embrapa e universidades federais, 30 associações, sete cooperativas e presente em sete estados, redigiu uma carta de alerta a 18 órgãos federais. O documento antecipa ao Governo Federal a possibilidade de que 2026 seja um ano de grande safra e, consequentemente, de baixo preço na lata da castanha.
Para evitar essa vulnerabilidade do trabalhador extrativista, o grupo entende que o Governo Federal pode criar uma espécie de “seguro-extrativista”, já prevendo uma grande oferta do produto na safra de 2026.
A Cooperacre, a maior cooperativa extrativista do Acre e uma das maiores do país, estima que a queda na safra de 2025 será de 70%. “É possível que seja ainda maior”, afirmou a pesquisadora da Embrapa Lúcia Wadt, da unidade de Rondônia. Wadt, além de fazer parte dos debates da OCA, integra a Rede Kamukaia, que lida com a qualificação das cadeias de produtos florestais não madeireiros desde 2005. Ela também faz parte de um diretório do CNPq que pesquisa especificamente a castanha e o que se prevê não é um cenário bom.
“Na safra desse ano de 2025, o preço da lata ultrapassou duzentos e vinte reais em alguns lugares”, lembra a pesquisadora. “Caso aconteça uma grande oferta, caso a safra seja muito boa como se espera para o ano que vem, o preço pode chegar a trinta reais”.
A causa desses desequilíbrios das safras são as mudanças climáticas. “Essa é a questão e diversas pesquisas demonstram isso, demonstram essa relação entre a baixa produtividade com os efeitos das mudanças climáticas”. explica a pesquisadora. “A última quebra na safra tão drástica aconteceu em 2017. Naquela ocasião, a safra tinha caído em um nível semelhante ao que havia ocorrido há 50 anos. E, agora, menos de dez anos depois, temos o mesmo problema”, afirmou. Em 2017, há oito anos, aconteceu o que os pesquisadores chamam de “efeito ressaca” no preço da lata (R$ 25 ou até menos em algumas regiões). E isso pode se repetir em 2026.
Para as redes de pesquisadores, o Governo Federal tem um papel estratégico na proteção dos trabalhadores extrativistas. São trabalhadores que operam na manutenção da floresta em pé, extraem dela um produto cujo ciclo de produção precisa ter um tratamento diferenciado por parte do poder público. Para eles, na dinâmica da Lei da Oferta e da Procura tem que haver o Estado operando e garantindo uma condição mínima para diminuir a vulnerabilidade do extrativista.
Medidas recomendadas pela Embrapa para a cadeia produtiva da castanha-do-Brasil
- Manutenção das Linhas de Produção
- Gestão estratégica dos Estoques
- Flexibilização dos contratos e negociações
- Apoio ao Financiamento e cumprimento dos contratos
- Informação Transparente ao Mercado