O empresário da Cachaça Jibóia, Jakson Soares, utiliza a vinhaça há 8 anos em uma área de 12 hectares de cana que utiliza para a produção do destilado. Ele está no mercado há 12 anos. No início dos trabalhos, fazia a correção da acidez do solo da forma tradicional, com o calcário.
Fez isso por quatro anos. E foi tomando nota e calculando. “Resolvemos investir na ideia de termos uma cana orgânica e o resultado surpreendeu. Os custos de produção caíram, praticamente, pela metade”, observou. “O uso da vinhaça é fundamental nesse processo. Usamos desde o início que decidimos mudar o método de produção”.
A vinhaça é um resíduo do etanol. Extraído o vapor condensado na produção sucroenergética, o que “sobra no fundo” é a vinhaça. Esse líquido é canalizado para dois tanques (um de 500 mil litros e outro de 300 mil litros). Esse líquido é colocado em um carro pipa que distribui no canavial por aspersão (falando no bom linguajar popular acreano, o técnico “xiringa” a vinhaça).
A área utilizada para a produção da cachaça de alto padrão, com adubagem orgânica, é de 12 hectares. Os sócios descobriram também que a farinha de osso é um insumo excelente para corrigir a acidez do solo e oferece cálcio à planta.
Jakson Soares entende que a adubação orgânica, além de diminuir custos, além de agregar valor ao produto, torna o processo produtivo menos vulnerável a fatores externos. “A adubagem mineral está em crise, com tarifas norte-americanas, guerra na Ucrânia. Para adubar o nosso canavial passamos à margem dessas instabilidades. Tudo conseguimos aqui mesmo no Acre”, explica.
A cana é toda colhida de forma automatizada. O bagaço da cana, que em outras regiões é queimada para geração de energia térmica em energia elétrica e vendida, aqui não é possível em função do tamanho do canavial. É preciso uma área plantada muito maior.
O empresário destina parte do bagaço da cana a uma start up criada por estudantes da rede pública de Acrelândia que trabalha com produção de adubos orgânicos.