O crescimento da indústria frigorífica no Acre, com ampliação das plantas industriais, tem esbarrado em uma preocupação levantada pelo Sindicato dos Trabalhadores Industriários: a saída excessiva de bois e bezerros do estado. Segundo Valdemir Ribeiro, conhecido como “Amazonas”, presidente da entidade, a prática pode comprometer o abastecimento futuro dos frigoríficos acreanos.
“Hoje, a nossa preocupação é só com essa saída desenfreada de bezerros e bois do Acre. Eles estão sendo levados principalmente para Rondônia e outros estados. E isso, no futuro, pode gerar escassez para os frigoríficos locais, que estão aumentando sua capacidade de abate”, alerta Amazonas.
Atualmente, quatro frigoríficos estão habilitados para exportação no estado, e alguns estão em processo de ampliação. A estimativa é que cada unidade passe a abater entre 600 e 700 cabeças de gado por dia. O temor do sindicato é que a falta de matéria-prima possa levar até ao fechamento de unidades, caso o fluxo de saída de animais continue nesse ritmo.
Além da preocupação com o emprego – o setor frigorífico é um dos que mais gera postos de trabalho formais no Acre –, o sindicalista também aponta possíveis irregularidades na saída dos bois.
“Tem gente levando boi daqui e alegando que está transferindo de uma propriedade do Acre para outra em Rondônia ou Mato Grosso, mas a gente sabe que isso é pra burlar o pagamento de impostos. Isso precisa ser fiscalizado,” disse.
O sindicato reconhece que o mercado é livre, mas defende que o governo estadual adote medidas de controle mais rígidas. “O que a gente pede não é que se proíba a saída, mas que haja uma freada. Se o governo aumentasse o imposto ou dificultasse um pouco, já ajudaria. Isso é uma decisão política, e esperamos que o governador abra essa pauta,” afirma Valdemir.
A proposta do sindicato é liberar a saída de bois apenas quando houver excedente no estado. Nos momentos em que a demanda interna estiver equilibrada, a prioridade deveria ser abastecer os frigoríficos locais.