Por que a parceria entre o Banco da Amazônia e a Apex é estratégica na cadeia produtiva de frango e porcos?

Com apoio da Apex e Banco da Amazônia, produtores integrados ampliam estrutura e impulsionam exportações no Alto Acre.

Itaan Arruda
Com apoio do Banco da Amazônia, produtores ampliam galpões e garantem fornecimento de suínos e frangos para agroindústrias acreanas.

A Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex) e o Banco da Amazônia efetivaram uma parceria de R$ 82 mihões que serão investidos na cadeia produtiva do frango e do suíno. Mas qual a importância disto? Isso muda o quê no cenário econômico na região do Alto Acre, onde estão instaladas as plantas industriais da Acreaves e Dom Porquito?

O primeiro impacto é na base da produção. Os trabalhadores da base familiar integrados aos dois frigoríficos vão ter melhores condições de aumentar a produção de frangos e de suínos. Esse é um ponto. A oferta de proteína para a Acreaves e para a Dom Porquito vai aumentar.

Os R$ 82 milhões são para produtores iguais a Ivânia Andrade. Ela passou a ser uma “integrada” em 2014. Tinha apenas 125 animais. Onze anos depois, aumentou quase 900%. Está com 1,2 mil suínos.

Com a possibilidade de financiar R$ 450 mil nessa parceria da Apex com o Banco da Amazônia, ela quer passar para 3 mil suínos. O investimento em ampliação de galpão e em matrizes só foi possível agora. “Há cinco anos eu estou indo ao banco por falta de garantia”, lembrou.

É um depoimento importante. Ela foi a primeira produtora integrada a alojar suínos para a Dom Porquito na região do Alto Acre. Há cinco anos peleja para conseguir o dinheiro para ampliar a estrutura de produção e não consegue. O que mudou?

Mudou não apenas a política, mas os atores que a conduzem. A decisão política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fortalecer a Agricultura Familiar é o primeiro pilar. O segundo pilar é a Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex) perceber como o Acre passou a ser estratégico na nova arquitetura do mercado global.

Ter à frente da Apex uma liderança que construiu as bases da estrutura logística hoje consolidada, como Estrada do Pacífico é um diferencial. “A coisa que mais deu certo no Acre foi esse trabalho que a gente começou lá atrás e que agora está expandindo envolvendo o Banco da Amazônia, Apex, com a agroindústria da Dom Porquito e Acreaves. Por que isso? Porque a tese é que o Acre está mais perto do Pacífico, Nós demoramos quatro dias de caminhão para sair de Brasileia e chegar lá em Chancay e já ir para os navios para a China”, afirmou, antes de ressaltar a importância da abertura de novos mercados feita pelo presidente Lula.

E esse ambiente já influenciou o cenário regional, que está impresso nos números das exportações do Acre. “Em 2023, o estado exportou quarenta e dois milhões de dólares. No ano passado, esse número praticamente dobrou, alcançando oitenta e dois milhões de dólares sendo dezesseis milhões de dólares apenas em carne bovina”, contabilizou o presidente da Agência, Jorge Viana.

O terceiro pilar é ter à frente do Banco da Amazônia um presidente que compreende a lógica política com o cuidado que os números exigem. “Não são oitenta e dois milhões de reais que vão entrar diretamente nos cofres da Dom Porquito e da Acreaves. Não é isso. Os integrados fazem a engorda, com as matrizes fornecidas pela Acreaves e a Dom Porquito. O Banco da Amazônia entra com o financiamento. Nesse arranjo a gente consegue dar uma estabilidade. Por quê? Porque a indústria pode ter uma previsão de fornecimento, as famílias conseguem ter previsão de receita e para o banco gera uma estabilidade de garantia porque o contrato de longo prazo do integrado com a indústria fecha o sistema”.

O problema da falta de garantia que a produtora integrada Ivânia Andrade teve no passado foi superado. Mas o que mudou, efetivamente, foi a percepção política do processo todo.

Paulo Santoyo, diretor da Acreaves e da Dom Porquito trabalha com a lógica de que os resultados desse investimento aportado nos produtores de base familiar deve apresentar resultados práticos no aumento da oferta de animais para abate em dois anos.

Santoyo reforçou o papel estratégico da Apex para que esse ambiente fosse possível hoje para os produtores de base familiar da região do Alto Acre. “Fazer promoção dos grandes mercados já é papel dela, mas abrir mercados é mais difícil, e isso a Apex está fazendo”, afirmou.

A Acreaves projeta alcançar o abate de 50 mil aves por dia. Já a Dom Porquito estima instalar 19 mil matrizes suínas em parte dos 250 galpões planejados, alcançando capacidade de abate de 2 mil suínos por dia.

O produtor integrado vai pagar o financiamento com uma taxa de juros em torno de 4%. A diferença entre esse percentual e aquele cobrado tendo a taxa Selic como referência só é possível ser explicada pelo fator político. “Sem esse apoio eu não teria como ampliar o meu galpão que hoje tem 25 mil aves para 75 mil”, contabiliza o presidente da Cooperativa Agroaves, Vagnei Macedo da Silva, dono de uma propriedade de 62 hectares, em Brasiléia.

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