Manoel Ezimar Castro dos Santos, de 56 anos, mora em uma área de 18 hectares no Projeto de Assentamento Benfica. Há 20 anos trabalha com extração de óleos essenciais, coleta de sementes e, mais recentemente, aderiu à cadeia produtiva do mel (meliponicultura).
As três cadeias produtivas exigem um refino, uma sofisticação que as instituições públicas não têm. Mas buscam alternativas. Entre elas, a cadeia produtiva do mel é a que está mais organizada.
“É preciso que se faça uma parceria público privada para que os óleos essenciais tenham mais aceitação, tenha mais pesquisa”, avaliou Santos. A Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) é a instituição que coordena um grupo de trabalho para fortalecer a cadeia produtiva das sementes.
Em dezembro do ano passado, realizou o II Encontro de Coletores de Sementes do Acre. Um dos parceiros dessa cadeia produtiva é o Sebrae. Esse trabalho não é novidade na agenda pública local. O trabalho com coletores de sementes, em parceria com organizações não governamentais, já existe há, no mínimo, 15 anos.
O desafio é desenvolver projetos para que sejam feitos protótipos de produtos que fortaleçam a cadeia como um todo. O artesanato é a expressão mais óbvia, mais imediata. Tem valor e o mercado já deu diversas demonstrações que aceita o artesanato acreano. Mas há outros produtos a serem identificados que podem fazer a Rede de Coletores de Sementes mais forte. “É preciso ter a pesquisa para apontar a força de cada semente. Aí vem o Sebrae ajudando a fazer disso um produto e o resto é com os coletores”, afirmou Santos.
Óleos_ O extrativista coleta mais de 50 tipos de óleos fixos da floresta: ricino, copaíba, tucumã, andiroba são os nomes mais imediatos da extensa lista. Sem apoio de instituições financeiras, criou as próprias máquinas para fazer o refino elementar. A extração de óleos fixos exige conhecimento de botânica e ferramentas que possam garantir sustentabilidade ambiental: é preciso saber manejar para sempre ter o que extrair.
Mel_ Na propriedade em que faz as coletas, Manoel Ezimar Castro também produz mel. Há dois tipos de abelhas: as Apis (popularmente conhecidas como “italianas” e as melíponas (popularmente chamadas de “abelhas sem ferrão”). Castro, recentemente, reclama que teve prejuízos em função da vizinhança. “Perdi dezoito caixas para o ‘pessoal do agro’ por causa da contaminação”, contabilizou. Os vizinhos são produtores de grãos e gado. Usaram agrotóxicos no processo produtivo e acabaram prejudicando a produção de abelha do extrativista.