Ferrovia do Pacífico ganha cada vez mais força nas agendas do Acre e Brasília

Apex firmou convênios com ministérios para agilizar ações de infraestrutura em pontos estratégicos e dinamizar exportações

Itaan Arruda
Ferrovia estratégica pode facilitar exportações pelo Acre

Governo do Acre e o Governo Federal retomaram a agenda da integração com o Pacífico por via férrea. No Governo do Acre, o órgão que tem trabalhado com esse assunto é a Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia. No Governo Federal, o Ministério do Planejamento e, estrategicamente, a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos.

O secretário de Estado de Indústria Ciência e Tecnologia, Assurbanipal Barbary de Mesquita, sempre lembra que os caminhões bi-trens utilizados no modal rodoviário para transportar mercadorias para exportação, não conseguem transpor as Cordilheiras dos Andes em tempo que garanta rentabilidade ao empresário.

“Nós precisamos fazer com que a commodity passe pelo Acre e, para isso, a ferrovia é estratégica e consolida a Rota do Quadrante Rondon”, afirmou o secretário, referindo-se ao transporte da soja e a uma região que necessita de obras de infraestrutura em estradas, portos, estações de transbordo, pontes que envolve os estados do Mato Grosso, Mato grosso do Sul, Rondônia, Amazonas, Acre, com impactos estendidos à Bolívia, Peru e Chile.

As disputas comerciais entre China e Estados Unidos, incluindo a questão do Canal do Panamá abriram uma nova perspectiva em relação às obras dessa região do Quadrante Rondon. E entre elas, o projeto da ferrovia que começa no Rio de Janeiro e termina em Cruzeiro do Sul.

Essa rodovia já tem parte dela consolidada. Do Porto de Açu, no Rio de Janeiro, a ferrovia se expandiu após Cuiabá. Mas parou. Ainda na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, o projeto ensaiou retorno, mas o cenário político brecou a retomada. Até mesmo a estatal Valec foi envolvida em complicações do contexto político à época.

Hoje, o cenário político é outro, sobretudo na arena internacional. E é nessa disputa entre os países ricos que o Brasil pode ter avanços em setores estratégicos para a economia interna.

A secretário Assurbanipal Barbary de Mesquita já se organiza para a agenda da ministra do Planejamento, Simone Tebet, que vai estar novamente no Acre para debater o assunto em abril.

Apex articula agenda da ferrovia

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, Jorge Viana, é um entusiasta do projeto da ferrovia. Ainda na condição de vice-presidente do Senado, trabalhou na articulação política para que as obras acontecessem. Hoje, com intensa agenda internacional, transita com regularidade em embaixadas. Sobretudo na da China.

Em maio, o presidente Lula terá uma agenda na China. Jorge Viana fará parte da comitiva oficial. E vai articular para que a ferrovia seja um dos pontos da agenda oficial.  

“O presidente Lula voltou às discussões sobre cinturões e rotas”, afirmou o presidente da Apex. Quando Viana afirma isso, está se referindo a uma estratégia de expansão do capital chinês pelo mundo. Há acordos firmados entre Pequim e mais de 100 países. O Peru, inclusive. O Porto de Callao estava em operação há mais de 40 anos. Era o segundo maior da América Latina, ficando atrás apenas em relação ao de Santos. Mas passado o tempo e US$ 3,6 bilhões de investimento depois e o Porto de Chancay virou um ponto estratégico.

Esse porto é, para a China, um instrumento fundamental para fazer o escoamento de soja do Brasil atalhar o caminho, sem depender mais do Canal do Panamá. Mas para que isso aconteça de forma eficaz, o projeto da ferrovia é necessário.

“Hoje, o maior problema do agronegócio brasilero hoje são os portos e acesso às rodovias e ferrovias para escoamento e armazenagem, claro. Mas armazéns se fazem rápido. Ferrovias e portos se demora pra fazer”, afirmou o presidente da Apex.

A Apex assinou convênio com o Ministério dos Portos e Aeroportos (ministro Sílvio Costa Filho) e com o Ministério dos Transportes (ministro Renan Filho) que vai tratar de uma série de ações de infraestrutura necessárias para melhorar o desempenho das exportações. A ferrovia que passa pelo Acre é um desses projetos.

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Itaan Arruda. Jornalista. Foi correspondente no Acre dos jornais Gazeta Mercantil Amazonas e O Estado de S. Paulo e repórter do jornal A Tribuna. Atuou na Secretaria de Estado de Comunicação nas gestões de Jorge Viana e Binho Marques. Foi repórter do jornal A Gazeta, editor do site agazeta.net e apresentador da TV Gazeta, afiliada à Record TV no Acre. Produziu e apresentou o programa de rádio "Voz do Povo", na Rádio Cidade. Atuou também como redator do site ac24horas. Hoje, é repórter do site ac24agro.
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