O preço do café no Brasil atingiu patamares históricos em 2025, impactando tanto o mercado interno quanto as exportações. Uma combinação de fatores relacionados à oferta e à demanda, com destaque para o crescimento das cafeterias na China e à expansão das exportações brasileiras para o país asiático. Esse conjunto contribui para explicar o que está acontecendo.
Do lado da oferta, o Brasil enfrentou desafios significativos em 2025. Um dos principais motivos foi a queda na produção devido aos eventos climáticos extremos. Secas prolongadas em regiões tradicionalmente produtoras, como Minas Gerais e São Paulo, afetaram a qualidade e a quantidade dos grãos colhidos. Além disso, geadas pontuais no Sul do país causaram danos às lavouras, reduzindo ainda mais a disponibilidade do produto.
Outro fator que pressionou os preços foi o aumento dos custos de produção. Os preços dos insumos agrícolas, como fertilizantes e defensivos, continuaram elevados, reflexo da instabilidade geopolítica global e da alta do dólar. A logística também se tornou mais cara, com o aumento dos fretes e a falta de infraestrutura adequada para escoar a produção.
No lado da demanda, o fenômeno que mais chamou a atenção foi o crescimento exponencial das cafeterias na China. O consumo de café no país asiático, que já vinha em ascensão nos últimos anos, explodiu em 2025. A cultura do café, antes associada a nichos urbanos, se popularizou, especialmente entre os jovens chineses. Grandes redes de cafeterias, como Luckin Coffee e Starbucks, expandiram suas operações, abrindo milhares de novas lojas em cidades de médio e grande porte.
Esse aumento do consumo chinês teve impacto direto no mercado global de café, e o Brasil, como maior produtor e exportador mundial, foi um dos principais beneficiários. As exportações brasileiras de café para a China atingiram níveis recordes em 2025, com um crescimento de mais de 30% em relação ao ano anterior. A demanda chinesa por grãos de alta qualidade, especialmente as arábicas, elevou os preços internacionais e, consequentemente, refletiu no mercado interno brasileiro.
Além da demanda externa, o mercado interno também contribuiu para a alta dos preços. O aumento do poder de compra da população brasileira, impulsionado por políticas de redistribuição de renda e recuperação econômica, elevou o consumo doméstico de café. No entanto, com a produção em baixa e as exportações em alta, a concorrência por grãos se intensificou, pressionando ainda mais os preços.
A inflação geral da economia também desempenhou um papel importante. Com os custos de produção e logística em alta, os produtores repassaram parte desses aumentos aos consumidores finais. O café, que já é um produto sensível a variações de preço, tornou-se ainda mais caro nas prateleiras dos supermercados e nas xícaras dos brasileiros.
Particularmente, acredito que a tendência de alta nos preços do café deve continuar no curto prazo, especialmente se os desafios climáticos persistirem e a demanda chinesa mantiver seu ritmo acelerado. Para o Brasil, o cenário é de oportunidades e desafios: enquanto as exportações geram receitas recordes, o mercado interno precisa se adaptar a um novo patamar de preços.
Enquanto isso, os consumidores brasileiros terão que se acostumar com o café mais caro, pelo menos até que a próxima safra traga algum alívio. Enquanto isso, o grão que é um símbolo nacional segue conquistando o mundo, uma xícara de cada vez.
Por fim, é preciso destacar que, os sucessivos aumentos no preço do café são decorrentes da interação entre oferta e demanda. Os que possuem ideologias econômicas “de direita” vão argumentar que não há nada a ser feito, este é o ajuste de mercado. Os que apresentam ideologia “de esquerda” vão pedir medidas de intervenção do governo no mercado. E você, como resolveria este problema?