Exploração ilegal de madeira avança na divisa do AM e AC

Diagnóstico aponta aumento de 9% na extração irregular e concentra pressão em Boca do Acre e Lábrea, além de alertar para riscos de desmatamento na região.

A extração ilegal de madeira no Amazonas cresceu 9% entre agosto de 2023 e julho de 2024, segundo diagnóstico anual da Rede Simex, formada por Imazon, ICV e Imaflora. O levantamento, feito com imagens de satélite cruzadas com autorizações oficiais, aponta que 41,5 mil hectares foram explorados sem licença no período.

A região mais pressionada é a fronteira entre Amazonas, Acre e Rondônia, especialmente os municípios de Boca do Acre e Lábrea, que juntos concentraram 75% de toda a extração irregular do estado. Boca do Acre lidera com 20,5 mil hectares, seguida por Lábrea, com 10,9 mil hectares.

De acordo com a pesquisadora do Imazon, Camila Damasceno, o avanço está ligado à expansão agropecuária na região da Amacro e serve como alerta para futuras áreas de desmatamento motivadas por grilagem e abertura de áreas para gado e grãos. Ela afirma que o cenário é extremamente preocupante porque a atividade também alimenta outros crimes ambientais e prejudica o mercado legal de madeira.

A ilegalidade invade também áreas protegidas. Treze por cento da exploração irregular, o equivalente a 5,6 mil hectares, ocorreu dentro de territórios preservados. Desses, 9% estavam em terras indígenas e 4% em unidades de conservação. Embora haja uma leve redução em relação ao período anterior, o impacto segue elevado e representa ameaça direta às comunidades tradicionais.

A maior parte da extração ilegal, 77%, ocorreu em imóveis rurais registrados no CAR, no Sigef ou no Terra Legal, indicando possibilidade de identificar e responsabilizar os proprietários. As florestas públicas não destinadas responderam por outros 8%, somando 3,3 mil hectares, o que reforça a necessidade de dar destinação definitiva a essas áreas.

O estudo também registrou forte crescimento da exploração legal, com 26,1 mil hectares autorizados entre 2023 e 2024, aumento de 131% em relação ao ciclo anterior. Para o Imazon, o avanço simultâneo da extração legal e ilegal exige fiscalização reforçada e ações urgentes para impedir que madeira irregular alcance o mercado, especialmente na região de fronteira com o Acre.

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