O mercado de grãos entrou em outubro com perspectivas distintas para milho e soja, segundo o informativo mensal da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Acre (FAEAC). O milho apresenta sinais de recuperação nos preços internos, enquanto a soja enfrenta alta nos custos de produção, mas ainda sustentada por forte demanda internacional.
De acordo com análise da Brandalizze Consulting, o milho começa a reagir, impulsionado por vendas antecipadas da safrinha 2025/2026 e pelo aumento das exportações voltadas à bioenergia. Essa retomada é considerada estratégica para fortalecer a renda do produtor e consolidar o cereal como ativo importante para o mercado externo.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetou os estoques globais de milho no menor nível em anos, caindo de 316 milhões de toneladas em 2023/24 para 284 milhões em 2024/25, o que tende a sustentar os preços internacionais do grão.
Enquanto isso, o início da colheita de soja nos Estados Unidos tem trazido volatilidade ao mercado, mas também abre espaço para recuperação dos preços, caso se confirmem perdas de produtividade por questões climáticas. O cenário reforça a importância do Brasil como principal fornecedor global de soja.
Apesar da alta nos custos de fertilizantes e insumos, apontada por relatórios da CRU 2025 e Rabobank, a demanda internacional pela oleaginosa segue aquecida, garantindo um “piso” de preços e evitando quedas mais acentuadas.
A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) registrou exportação recorde de 9 milhões de toneladas de soja em agosto, com 86 milhões de toneladas acumuladas em 2025. A China foi o principal destino, absorvendo 84% do total, acima da média histórica de 75%.
Já o milho brasileiro exportou 6,37 milhões de toneladas em setembro, ligeiramente abaixo do mesmo período do ano passado, devido à forte concorrência com o produto norte-americano, que deve atingir safra recorde.
A Comercialização da soja segue lenta no Brasil: apenas 20,5% da safra 2025/26 foi vendida até o momento, contra 29,2% da média histórica, segundo a Reuters. A estratégia de reter o produto visa aproveitar possíveis valorizações futuras, mas aumenta o risco de falta de caixa para produtores menos capitalizados.
O informativo também destacou que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) manteve medida preventiva favorável à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que questiona a legalidade da Moratória da Soja. O acordo está suspenso até 1º de janeiro de 2026.