Acre tem 17 mil famílias em situação de insegurança alimentar grave

Mesmo com avanços na produção de alimentos e redução geral da insegurança alimentar, número de domicílios em situação de fome aumentou no estado em 2024, segundo dados do IBGE

O Acre produziu mais alimentos em 2024 — com expansão nas áreas de banana, mandioca, milho e criação de aves e suínos —, mas isso ainda não se refletiu de forma plena na mesa das famílias mais pobres. De acordo com dados do módulo Segurança Alimentar da PNAD Contínua, divulgados pelo IBGE, o número de lares acreanos em insegurança alimentar grave, quando há privação severa e a fome se torna uma realidade cotidiana, aumentou de 16 mil para 17 mil entre 2023 e 2024.

A pesquisa revela que, embora o estado tenha registrado uma melhora geral no acesso a alimentos, a fome extrema permanece como um desafio entre as famílias mais vulneráveis — sobretudo em áreas rurais isoladas, onde o custo de transporte e a baixa renda ainda limitam a oferta e o consumo.

📊 Evolução da insegurança alimentar no Acre

•Insegurança grave: aumento de 16 mil → 17 mil domicílios

•Insegurança moderada: queda de 15 mil → 13 mil domicílios

•Insegurança leve: redução expressiva de 53 mil → 37 mil domicílios

•Total de domicílios com insegurança alimentar: de 84 mil em 2023 → 67 mil em 2024

Em números relativos, a parcela de famílias com algum grau de insegurança alimentar no Acre caiu de 29,3% para 23,3% do total de lares, segundo o IBGE. Isso representa um avanço de 20% no acesso a alimentos adequados.

🌾 Produção e renda rural: um contraste

O Acre vem ampliando sua produção agropecuária, especialmente por meio da agricultura familiar e de programas de incentivo como o Pronaf, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o PAA Estadual, que garantem mercado para produtores e escolas públicas. Em 2024, o estado também registrou aumento nas exportações de madeira beneficiada e no volume de mel de abelhas nativas, produtos com valor agregado crescente.

Mesmo assim, o crescimento produtivo não tem sido suficiente para eliminar a fome severa, que se concentra em lares sem acesso regular à terra, sem políticas de assistência técnica ou com dificuldades logísticas para comercializar o excedente. Especialistas apontam que o desafio está na distribuição da renda e na integração entre produção e políticas de segurança alimentar.

🏠 Um retrato desigual

Segundo o IBGE, a maior parte das famílias em situação de fome vive em áreas rurais e depende de atividades sazonais ou informais para garantir a renda. O encarecimento do transporte e dos alimentos industrializados, aliado à redução temporária de programas de transferência de renda no início de 2024, contribuiu para agravar o quadro entre os mais pobres.

Enquanto isso, o Acre avançou em políticas estruturantes como a ampliação dos mercados institucionais e das compras públicas de produtos da agricultura familiar, medidas que devem ajudar a reduzir a fome estrutural nos próximos anos, se forem mantidas de forma contínua.

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