Preço da carne sobe no Acre em meio à escassez de oferta

Ciclo pecuário, escassez de fêmeas e aumento das exportações explicam alta nos preços e falta de carne no mercado acreano

Mesmo com arroba mais barata ao produtor, preço no balcão do açougue segue elevado para o consumidor acreano.

O proprietário da casa de carnes Boi Prime, Igor Macieira, explica que a alta no preço da carne no Acre é resultado de uma combinação de fatores que vão desde o ciclo natural da pecuária até questões geopolíticas e econômicas. Segundo ele, o chamado “ciclo pecuário” — que se repete a cada quatro a seis anos — influencia diretamente a oferta de animais para o abate. “Há alguns anos, o bezerro chegou a valer R$ 2,5 mil, enquanto uma vaca custava em torno de R$ 4,5 mil. Com a escassez de bezerros, o produtor segurava as fêmeas, o que reduzia o número de abates. Depois, quando os preços caíram, começou o abate de vacas em larga escala, e isso agora gera falta de animais no mercado”, explica.

Igor destaca que a pecuária acreana vive hoje as consequências desse desequilíbrio, com reflexos no preço final da carne. A redução do rebanho de fêmeas, somada à incerteza econômica e à dificuldade de acesso a crédito rural, tem levado produtores a segurar os animais por receio de não conseguirem cumprir compromissos financeiros antigos. “Muitos fizeram investimentos quando o boi estava valorizado e agora, com o preço mais baixo, precisam vender dois animais para pagar uma conta feita há cinco anos. Além disso, linhas de crédito anunciadas pelo governo não estão chegando efetivamente ao campo, o que aumenta o problema”, pontua.

Outro ponto determinante, segundo o empresário, é o crescimento das exportações de carne bovina do Acre. Ele lembra que o estado já exportou, até o momento, mais do que em todo o ano de 2024, o que reduz a disponibilidade de produto no mercado interno e pressiona os preços. “A matéria-prima está indo para fora porque o retorno é maior. Isso faz com que falte carne nas casas locais. Algumas, inclusive, estão operando com restrição de dias por falta de produto. Não é uma situação isolada da Boi Prime, é uma realidade de todo o setor”, afirma Igor Macieira.

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