A Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, vive um novo momento marcado pelo fortalecimento do cooperativismo agroextrativista. Entre as iniciativas que têm impulsionado o desenvolvimento sustentável na região está a atuação da Cooperativa Agroextrativista de Assis Brasil, Epitaciolândia e Brasiléia (Coopaeb), presidida por José de Araújo, que vem ampliando a organização produtiva e diversificando as atividades econômicas dos cooperados.
Histórico e evolução
Fundada em 2006, inicialmente com foco na pecuária, a cooperativa passou por mudanças estatutárias e estruturais que culminaram, em 2021, na consolidação de seu perfil agroextrativista. A Coopaeb mantém sede em Brasiléia, com estrutura para beneficiamento de café, e pontos de coleta e armazenamento de borracha, castanha e café em Assis Brasil.
A cooperativa integra a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), responsável por articular e comercializar a produção de cooperativas singulares em todo o estado.
Produção diversificada
A Coopaeb atua na compra e venda de borracha, castanha, frutas e café, atendendo tanto à produção extrativista quanto agrícola. Entre as frutas comercializadas estão acerola, açaí, caju, cajá, graviola, abacaxi, maracujá, cupuaçu e goiaba. Atualmente, conta com 272 cooperados, número que vem crescendo nos últimos anos.
Nos últimos anos, a cooperativa tem apostado na cafeicultura como alternativa viável para pequenos produtores. “O café surgiu como opção para quem não podia depender apenas do extrativismo. Hoje, somos uma das maiores produtoras ligadas à Cooperacre, ao lado da Coopercafé de Mâncio Lima”, explica De Araújo.
Apoio técnico e organização
Para atender às exigências de mercado e às boas práticas ambientais, a Coopaeb conta com três técnicos que prestam assistência aos produtores, especialmente na produção de borracha, seguindo os chamados “quatro zelos”: preservar a floresta, garantir qualidade da borracha, cuidar da seringueira e zelar pela cooperativa.
Além disso, promove reuniões comunitárias para aproximar a gestão dos cooperados e estimular a participação. Um planejamento estratégico participativo, elaborado com apoio de parceiros como OCB, Sebrae, Embrapa e prefeituras, orienta as ações da entidade.
Desafios e perspectivas
A Coopaeb enfrenta dificuldades estruturais, como a precariedade dos ramais que dificultam o transporte de mudas e produtos, e a limitação de equipamentos – atualmente, dispõe de apenas uma caminhonete para atender toda a demanda. As mudanças climáticas também têm impactado a produção, tornando incertas as safras de culturas como arroz, feijão e mandioca.
Outro desafio é a concorrência na compra da castanha, especialmente de atravessadores locais e estrangeiros. Ainda assim, a fidelidade dos cooperados e a compra também de não associados têm garantido a manutenção das atividades.
Sustentabilidade e futuro
Para o presidente, a Coopaeb é um exemplo de que é possível conciliar produção econômica e preservação ambiental. “A mudança para agroextrativista reforça que nossa sustentabilidade vem dos produtos da floresta”, afirma De Araújo. A cooperativa também busca envolver os jovens no cooperativismo, garantindo a continuidade do modelo.
Com apoio de parceiros e integração à Cooperacre, a Coopaeb se posiciona como um pilar do desenvolvimento sustentável na Reserva Chico Mendes, contribuindo para gerar renda, valorizar o trabalho dos extrativistas e preservar a floresta.
Fonte: Boletim O “novo” cooperativismo na Reserva Chico Mendes – O caso da COOPAEB,
assinado pelo pesquisar Orlando Sabino da Costa Filho, publicado em https://legal-amazonia.org.