O Acre enfrenta uma nova onda de frio neste mês de julho, causada pela chegada de uma massa de ar polar que avança sobre a região amazônica. Com temperaturas mínimas previstas abaixo dos 15 °C em algumas áreas, principalmente no sul do estado, o fenômeno impacta não apenas o cotidiano da população urbana, mas também as atividades do campo.
Na agricultura familiar, culturas sensíveis ao frio, como alface, cheiro-verde, couve e outras hortaliças, tendem a sofrer com o estresse térmico. O crescimento das plantas é retardado, a absorção de nutrientes diminui e há maior risco de perdas, especialmente em áreas sem cobertura ou proteção. A produção de mudas também pode ser comprometida.
Na piscicultura, a queda na temperatura da água interfere diretamente no metabolismo dos peixes amazônicos, como tambaqui e pirarucu. Com o frio, eles se alimentam menos, o que reduz o ganho de peso e pode atrasar os ciclos de engorda e comercialização. Viveiros com pouca profundidade tendem a esfriar mais rapidamente, agravando o problema.
Outro setor afetado é a avicultura. Galinhas poedeiras e frangos de corte, principalmente os pintinhos nas primeiras semanas de vida, ficam mais vulneráveis a doenças respiratórias e à perda de peso. Ambientes mal isolados ou sem sistema de aquecimento favorecem o estresse térmico e aumentam os riscos sanitários.
A friagem também pode afetar a produtividade de leite em pequenas criações e provocar redução na oferta de alimentos verdes para o gado, devido à desaceleração do crescimento de gramíneas e forragens.
A previsão indica que o frio deve se estender até o fim de semana, com as madrugadas sendo os momentos mais críticos. Regiões como Baixo Acre, Alto Acre e Vale do Purus são as mais impactadas. No Vale do Juruá, o efeito será mais brando, mas ainda perceptível. Diante disso, produtores precisam adotar medidas de mitigação, como cobertura de hortas, proteção de viveiros e reforço no isolamento térmico dos galpões e currais.
Com a possibilidade de novas ondas de frio nos próximos meses, o fenômeno acende um alerta para a vulnerabilidade climática das cadeias produtivas no estado e reforça a necessidade de políticas de apoio técnico e acesso a tecnologias adaptativas no campo.